​Macário Correia defende mais barragens como solução para a seca
31-05-2024 - 05:11
 • João Mira Godinho

Presidente da Associação de Regantes do Sotavento argumenta que não tem chovido menos no Algarve. "Temos é de aproveitar a água que corre para o mar", defende.

Melhor do que criar uma nova captação de água no rio Guadiana ou construir uma dessalinizadora, para combater a seca no Algarve, deviam ser feitas barragens nas ribeiras da região.

A tese é defendida por Macário Correia, antigo secretário de Estado do Ambiente e atual presidente da Associação de Regantes do Sotavento para quem esta solução seria mais barata e mais eficaz.

Num encontro da Confederação de Empresários do Algarve (CEAL), na noite de quinta-feira, em Faro, o também membro da Comissão para a Sustentabilidade Hidrográfica do Algarve - que junta os agricultores algarvios - destacou o tempo que vai demorar a concretização dessa nova captação, na zona do Pomarão, Mértola, que entre outros aspetos, terá de passar por um acordo com o Governo espanhol.

"Na semana passada, o primeiro-ministro afirmou que a obra estaria pronta em 2026 mas, desde já vos posso dizer, ele terá sido mal informado e isso é mentira", garantiu Macário Correia.

"É preciso escolher o traçado, aprovar o projeto, lançar o concurso público e conseguir um acordo com Espanha", explicou.

Advertindo que esse acordo que não será fácil de obter, Macário apresentou um documento recente, do executivo espanhol, onde se lê que o projeto do Pomarão "carece de informação necessária sobre o regime de caudais no baixo Guadiana e o seu impacto ambiental".

Portugal tem, contudo, um argumento para convencer os espanhóis. Desde o final dos anos 70 do século passado, Espanha está a captar água do rio Guadiana, no complexo do Chança - não muito longe do Pomarão. Macário afirmou que este procedimento "não está acordado com o estado português". O que "existe ali é um consentimento provisório mas não está estabilizado", acrescentou, e essa "é uma questão que tem de ser resolvida e fará parte das negociações entre os governos de Portugal e Espanha".

Apesar dessa eventual vantagem, o antigo governante tem defendido a construção da barragem da Foupana, na ribeira com o mesmo nome, na zona de Tavira, como uma solução mais barata e eficaz. E acredita que o combate à seca no Algarve nos próximos anos passa mesmo pela construção de mais barragens nas ribeiras que nascem na serra do Caldeirão.

"Na Foupana, no Alportel e outras", frisou, garantindo que "os dados dos últimos 120 anos mostram que não tem chovido menos, temos é de aproveitar a água que corre para o mar."

Entretanto, o Governo já se comprometeu com a construção da barragem da Foupana - no âmbito do PPR, que também prevê a nova captação da água no Pomarão e a cpnstruão de uma dessalinizadora - e os agricultores algarvios, na semana passada, para acelerar o processo, contrataram uma equipa para delinear o projeto. "É pena que não se tenha pensado na barragem da Foupana há mais tempo. Hoje, se calhar, já estaria feita ou em obra", disse à Renascença, à margem do encontro, Macário Correia.