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As forças armadas dos Estados Unidos, de França e do Reino Unido lançaram durante a madrugada um ataque à Síria, alegando ter destruído vários alvos que fabricavam armas químicas para o regime de Bashar al-Assad.
Donald Trump já tinha anunciado que iria haver uma resposta firme por parte dos Estados Unidos ao alegado uso de armas químicas por parte das forças leais a Assad no sábado, dia 7 de Abril, em Ghouta, o último reduto dos rebeldes nos arredores de Damasco, que entretanto já foi libertado.
Tanto a Síria como os seus aliados, incluindo a Rússia, negam que tenha havido qualquer ataque e acusam os Estados Unidos e outras potências ocidentais de terem levado a cabo um ataque pré-planeado e desnecessário, que apenas irá prolongar o conflito que já dura há mais de sete anos.
Eram cerca das 2h00 em Lisboa quando Donald Trump anunciou que tinha ordenado um ataque, informação entretanto confirmada por Emmanuel Macron, de França e por Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido.
Segundo informação entretanto divulgada, os ataques tiveram cerca do dobro da intensidade de um raide semelhante realizado em 2017, também por resposta ao alegado uso de armas químicas, mas terá atingido apenas instalações militares, nomeadamente três alvos em Damasco e Homs, não havendo vítimas civis a lamentar.
A Síria afirma que conseguiu abater alguns dos mísseis Tomahawk e Cruise usados no ataque e a Rússia confirma que não acionou os seus mecanismos de defesa antimíssil, evitando assim um conflito direto com as forças ocidentais. A ministra da Defesa de França garante que a Rússia foi informada atempadamente do ataque. “Não estamos a procurar o confronto e recusamos qualquer lógica de escalada. É por isso que nós, com os nossos aliados, garantimos que os russos foram avisados de antemão”, disse Florence Parly.
Rússia ameaça com "consequências"
Na manhã de sábado os diferentes países envolvidos no ataque informaram que, à partida, este foi um ataque isolado, mas que esse facto depende da avaliação do sucesso do mesmo em ter limitado ou destruído a capacidade de fabrico de armas químicas por parte de Damasco.
Theresa May deu uma conferência de imprensa em que explicou as razões por detrás do ataque. “Há um ano travamos um ataque contra as atrocidades do regime de Assad, mas não foi suficiente para que deixasse de usar armas químicas. O ataque conjunto desta madrugada, dos Estados Unidos, Reino Unido e França foi significativamente maior que o de há um ano atras e foi especificamente desenhado para ter um grande impacto nas capacidades do regime sírio para usar armas químicas. Este ataque é também uma mensagem clara da comunidade internacional de que não toleramos o uso de armas químicas”
Na sua declaração Trump descreveu Bashar al-Assad como um “homicida em massa” e acusou a Rússia e o Irão. “À Rússia e ao Irão pergunto, que tipo de nação quer estar associada com o homicídio em massa de homens, mulheres e crianças inocentes?”
A Rússia já respondeu, lamentando os ataques. Esta manhã Vladimir Putin pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas e disse que ação dos EUA tinha tornado a catástrofe humanitária na Síria pior para os civis, para além de constituir uma ameaça para as relações internacionais. O embaixador de Moscovo em Washington, contudo, foi mais agressivo na sua reação, dizendo que estas ações não deixarão de ter consequências.
A Síria tem sido um dos principais fatores de instabilidade nas relações entre a Rússia, que apoia Assad, e vários estados do mundo ocidental.
O Irão também reagiu, classificando o ataque ocidental de “crime” que não alcançará qualquer vantagem no terreno.
Angela Merkel manifestou solidariedade com os países que lançaram o ataque e o mesmo fez Portugal.
Também esta manhã o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que uma nova Guerra Fria não é já um perigo, mas uma realidade. “Vemos uma multiplicidade de conflitos. o primeiro é a memoria da Guerra Fria, mas, para ser preciso, é mais do que uma simples memoria: a Guerra Fria está de volta!”