A comissária europeia para a Política de Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, admitiu esta sexta-feira que uma adesão da Ucrânia à União Europeu constituiria uma “mudança radical” na Europa e na repartição de fundos estruturais.
“Se pensarmos no orçamento que temos [na União Europeia] e que teríamos de repartir também pela Ucrânia e países que já fizeram o seu trabalho de casa e viriam junto, será, de facto uma mudança radical”, afirmou em entrevista a cinco jornalistas portugueses.
Lembrando que as mesmas preocupações foram levantadas em relação à adesão da Polónia, em 2004, e que “as coisas foram-se resolvendo”, Elisa Ferreira sublinhou que a necessária reconstrução da Ucrânia não é um problema, mas antes “uma grande oportunidade para as empresas que se queiram posicionar”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen defendeu na quarta-feira, no discurso sobre o estado da União Europeia, uma reforma que permita a entrada da Ucrânia e de mais dois Estados na União Europeia, passando para 30 membros.
“O futuro da Ucrânia está na nossa União”, afirmou no debate realizado no Parlamento Europeu.
A adesão à União Europeia da Ucrânia tem sido pedida repetidamente pelo Presidente daquele país, Volodymyr Zelensky, desde o início da guerra lançada pela Rússia em fevereiro do ano passado.
O país já iniciou estando uma reforma legislativa e de combate à corrupção como primeiro passo para o pedido formal.
No entanto, o impacto dessa adesão tem levado alguns especialistas a alertar para as dificuldades de um país que está a passar por uma guerra e também para a possibilidade de o centro de atenção passar para o leste europeu.
Com uma população a ronda os 40 milhões de habitantes, a Ucrânia tornar-se-ia no quinto maior membro da UE e o maior em área terrestre.
Para a comissária europeia, não se pode discutir apenas a questão dos fundos estruturais, é preciso “olhar para o conjunto”.
Elisa Ferreira esteve hoje na terceira edição do Clube de Jornalistas 25-40-50, uma iniciativa no âmbito dos 50 anos das comemorações do 25 de Abril e dos 40 anos do Clube de Jornalistas, em parceria com a agência Lusa e a Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa, com o patrocínio da Associação Mutualista Montepio e o apoio da Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril.