O bispo da Diocese de Pemba, em Moçambique, denuncia o agravamento da situação humanitária em Cabo Delgado, com a chegada de barcos com milhares de novos deslocados.
Perante o avolumar de novos deslocados e a falta de meios para os socorrer, o bispo de Pemba pede ajuda à comunidade internacional.
“Esta é uma crise humanitária muito forte para a qual nós pedimos, nós imploramos ajuda e solidariedade da comunidade moçambicana e da comunidade internacional”, afirma D. Luiz Lisboa.
O bispo participou numa ação da Cáritas de Moçambique, na praia de Paquitequete, na quarta-feira, 28 de outubro, e reconheceu que seriam já “cerca de 10 mil pessoas só nos últimos dias” e que mais “continuam a chegar”.
A violência que se faz sentir na região, por causa dos ataques de grupos armados que reivindicam pertencer ao Daesh, o Estado Islâmico, está a provocar a fuga da população.
Através de um vídeo divulgado pela Diocese de Pemba, o prelado explica que “são deslocados que estão a fugir das cidades vizinhas e das ilhas”, sendo que algumas dessas pessoas fazem-no “por causa dos ataques que sofreram, outras saem das suas aldeias preventivamente, porque têm medo”.
“É uma situação generalizada de muito medo. Então, as pessoas estão a fugir”, constata D. Luiz Lisboa.
A praia de Paquitequete, que tem servido de ancoradouro destes barcos cheios de pessoas em fuga, é o espelho da difícil situação humanitária em que se encontra a cidade de Pemba.
As pessoas, “chegando aqui, encontram estas condições, tendas improvisadas, porque ainda não foi [encontrado] um lugar para serem levadas”, alerta.
Segundo D. Luiz Lisboa, o acolhimento principal tem sido da responsabilidade das “populações locais que acolhem familiares deslocados ou que se comovem com a situação e acabam levando gente para [sua] casa”.
Ainda de acordo com o bispo de Pemba, nem todos conseguem esse acolhimento, por isso, “são centenas de pessoas que estão aqui, que dormem aqui na praia e, infelizmente, já aconteceu casos de mortes” de pessoas que não resistem às duras condições das viagens.
“Essas pessoas, às vezes, ficam nas embarcações, três, quatro dias no mar. Então, chegam desidratadas, chegam doentes. Já houve partos durante a viagem. É uma situação muito difícil.”