O Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) garantiu esta quarta-feira que a impossibilidade de receber mais utentes na unidade de cuidados neonatais do hospital de Faro obrigou à transferência de uma grávida cujo bebé acabou por morrer no hospital Amadora-Sintra.
A agência Lusa pediu esclarecimentos ao CHUA sobre o caso desta mulher que ingressou em 02 de agosto no hospital de Faro com 32 semanas de gestão e foi depois encaminhada para o hospital da zona metropolitana de Lisboa, e o conselho de administração garantiu que a decisão de transferir a utente foi tomada “após avaliação clínica e cumprindo o protocolo definido para situações semelhantes”.
Ao deparar-se com o caso clínico desta utente, as equipas médicas procederam “ao envio da utente para o Hospital Doutor Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), tal como definido nas redes de referenciação hospitalar”, porque “à data, a unidade de neonatologia da unidade hospitalar de Faro, a única unidade altamente diferenciada na prestação de cuidados neonatais integrada no CHUA, encontrava-se com a sua capacidade de internamento lotada”.
O CHUA considera, por isso, que “a grávida foi encaminhada, em condições de segurança e monitorização adequadas, para o Hospital Fernando da Fonseca”, onde o bebé acabaria depois por morrer.
Os dois hospitais e o Ministério Público já anunciaram a abertura de inquéritos para averiguar o caso.
O Ministério da Saúde considerou hoje que “foram seguidos todos os procedimentos de cuidados de saúde adequados” no caso do bebé que morreu no Amadora-Sintra depois de a mãe ter sido transferida de Faro.
A Ordem dos Médicos (OM) pediu que o caso seja “investigado totalmente”, com o bastonário, Miguel Guimarães, a lembrar que a transferência constante de grávidas entre instituições pode “comportar risco”, embora tenha sublinhando que desconhecia o caso em pormenor.
O deputado do PSD eleito pelo círculo de Faro Cristóvão Norte foi outra das vozes a exigir hoje que o caso seja investigado, considerando que é “mau de mais para ser verdade” e não “se tolera que suceda”, mas era também uma possibilidade porque a maternidade de Portimão “apenas existe no papel” e a unidade de neonatologia de Faro está a “rebentar pelas costuras”, argumentou.
“Ninguém podia dizer que não sabia que uma tragédia destas iria suceder, tantos têm sido os avisos”, afirmou o deputado do PSD, referindo-se aos alertas que foram feitos nos últimos meses sobre a incapacidade do Algarve para responder na área da neonatologia por falta de recursos humanos, reconhecida pela tutela devido à dificuldade em fixar profissionais fora dos grandes centros urbanos, como no caso do Algarve.