A missão de formação militar celebrada entre a União Europeia (UE) e a Ucrânia, esta segunda-feira, "tem o risco de levar a Rússia a enviar tropas para o leste da Ucrânia", diz o antigo embaixador de Portugal na NATO, Martins da Cruz.
"As duas repúblicas populares do leste da Ucrânia já declararam independência que foi aceite pelo parlamento russo. Estas movimentações têm o seu risco. Nesta história, ninguém é inocente", afirma, em entrevista à Renascença.
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros classifica o acordo de treino militar entre UE e Ucrânia como "um prémio de consolação", porque o que o país deseja é entrar na NATO e na UE.
"Faz-me lembrar os brindes que vinham nos pacotes de farinha. Quer a entrada na NATO, quer na UE, estão excluídas nos próximos 10, 15 anos", considera.
Martins da Cruz diz, ainda, que a recente tensão vivida na fronteira entre Ucrânia e Rússia é "um teste" de Putin aos Estados Unidos (EUA).
E o antigo embaixador refere que o mais importante para o Kremlin é a realização de uma cimeira entre Biden e Putin.
"Essa cimeira é que pode resolver o assunto. Não estes telefonemas diplomáticos", explica.