António Pires de Lima, o antigo ministro da Economia do Governo de Pedro Passos Coelho, garantiu esta quarta-feira na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP que recebeu garantias em 2015 que os fundos Airbus não prejudicaram a TAP e que a compra dos aviões foi feita a preços de mercado.
“Continuo convencidíssimo de que o negócio que se fez foi feito a preços de mercado, a TAP não foi prejudicada e bem pelo contrário. Através destes fundos Airbus foi capitalizada em 226 milhões de euros e, com isso, conseguiu iniciar um projeto de desenvolvimento e crescimento que durou até 2019”, afirmou António Pires de Lima.
Em causa estão os chamados fundos Airbus, que resultaram de um negócio do ex-acionista privado da TAP David Neeleman com a fabricante de aviões, que envolveu a troca de uma encomenda de 12 aviões A350 por 53 de uma nova gama e uma “contribuição” superior a 200 milhões de euros da fabricante ao empresário, que os usou para capitalizar a TAP, conforme previsto no acordo de privatização.
O ex-ministro da Economia, que liderou o processo de privatização da TAP em 2015, foi questionado pelos deputados sobre como foi feita a proposta que envolvia os fundos Airbus.
Pires de Lima explicou que a “proposta foi feita em outubro à Parpública e que estava acompanhada de uma carta da Airbus, dando nota que a contribuição, que estava a dar ao David Neeleman era devido à magnitude do negócio e à relação comercial que tinha com o empresário”, acrescentou Pires de Lima.
O antigo ministro da Economia disse aos deputados que, nessa altura, os fundos Airbus não punham em causa o preço dos aviões. Pires de Lima acrescentou ainda que a carta juntava nove avaliações sobre os aviões que iam ser comprados, e apontavam para um valor abaixo do mercado.
Oito anos depois, António Pires de Lima continua a acreditar que o negócio foi legal e tem muitas dúvidas que a Airbus tenha enganado o Estado português.
“Eu não posso imaginar e continuo a não acreditar que empresas como a Airbus, empresários como David Neelman, Humberto Pedrosa, três empresas de avaliação se estivessem a conluiar para, formalmente e por escrito, enganarem o estado português”, afirmou Pires de Lima.
No ano passado, uma auditoria pedida pela TAP apontou indícios de que o negócio tenha lesado a companhia aérea, por estar alegadamente a pagar um valor superior pelos aviões comparativamente aos concorrentes, motivando a abertura de um inquérito pelo Ministério Público.
António Pires de Lima elogiou o plano estratégico apresentado pela Atlantic Gateway, de David Neeleman e Humberto Pedrosa, que envolvia a compra de 53 aviões, porque “criava muito valor e riqueza para a TAP”.
Os chamados fundos Airbus acabaram por dominar grande parte da audição do antigo ministro da Economia, com Pires de Lima a assegurar que o negócio é legal, desde que os aviões tenham chegado ao preço de mercado.
“Todos os juristas que tenho consultado sobre este tema garantem que a operação é legal se os aviões tiverem chegado” ao preço justo de mercado, reiterou.