O bispo da Diocese do Porto, D. Manuel Linda, e os seus bispos auxiliares, convidam a viver a Quaresma “com alegria” e com “audácia”.
“O caminho não se faz parado, não se faz sem riscos. Ao contemplar as chagas de Cristo, o nosso olhar direciona-se para as feridas e dores de cada um, de cada família, de cada comunidade, da Igreja e do mundo em geral. E interpela-nos a levantarmos o olhar do coração para a luz da Páscoa. Somos sarados, curados, salvos pelas chagas abertas do amor de Cristo. Sejamos bálsamos para as feridas uns dos outros”, escrevem.
Na mensagem intitulada “Com Cristo, um caminho alegre – Subamos juntos a Jerusalém”, surge a exortação a que “vivamos a Quaresma com audácia e na certeza de que Cristo caminha connosco, na alegria de sermos companheiros amigos e solidários, tendo a luz da manhã da Páscoa como horizonte no qual tem sentido a edificação de um mundo novo ou ‘Reino de Deus’”.
“A experiência de caminhar é habitual para muitos de nós, seja em peregrinação de fé, seja em caminhada lúdica, seja em marcha desportiva”, assinala, explicando que “quem se coloca a caminho parte de um ponto para chegar a outro”.
“Iniciemos esta caminhada da Quaresma em direção a Jerusalém (Páscoa) percebendo o ponto de partida e o que desejamos alcançar”, exorta a mensagem da Diocese do Porto.
Os prelados recordam, ainda, que os que andavam com Jesus estavam “espantados e cheios de medo” com a ‘novidade’ do que ia acontecer.
“Tal como hoje: o Espírito do Ressuscitado confronta-nos com os espantos e medos da nossa vida, da Igreja, da sociedade, do futuro. Tantas incertezas e receios: guerras sem sentido, fragilidades emocionais e relacionais, debilidades económicas, dificuldades no acesso à habitação, vícios e dependências que geram novas adições, famílias que se desfazem, domínio do materialismo, etc.!”, ilustram.
“Tempo propício para meter mãos à obra”
Por isso, exortam a que “aproveitemos a Quaresma para nos apercebermos mais destas realidades que nos envolvem e das angústias que afligem cada um e a sociedade em geral”, observando que “a Quaresma será um tempo propício para metermos mãos à obra na transformação deste estado de coisas”.
Neste contexto, os bispos do Porto asseguram que “Jesus caminha connosco, à nossa frente, toma-nos pela mão para nos falar, guiar, acariciar e fortalecer. Sintamos a alegria de termos Deus como companheiro próximo e íntimo. Com uma boa companhia, a jornada da vida custa menos”.
“Teremos, pois, a ousadia de sonharmos uma vida melhor, um mundo novo, uma Igreja mais jovial, aberta a todos, acolhedora de todos, com a presença de todos, desde a alegria das crianças à docilidade dos idosos, do empenho dedicado dos adultos ao entusiasmo alegre dos jovens que a JMJ 2023 nos mostrou”, lê-se na mensagem.
“Há, de facto, um mundo novo a ser sonhado. Não fiquemos paralisados no caminho da vida”
Renúncia quaresmal destinada ao Seminário Maior
Por fim, os bispos do Porto sublinham que “a generosidade é uma marca do tempo quaresmal”, indicando que “pelo jejum e abstinência, somos interpelados a renunciarmos a algumas coisas materiais e a alguns comodismos, percebendo interiormente que Deus é mais importante que tudo o resto”.
O fruto da renúncia quaresmal da diocese “será direcionado para o Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição ou Seminário da Sé”, indicam, assinalando que “o edifício é do século XVI, carece de obras urgentíssimas e é preciso dotá-lo de condições mínimas de habitabilidade para o tornar, efetivamente, o ‘coração da diocese’”.
“O custo das obras vai ser muito avultado. Conta-se, pois, com todo o zelo e empenho, traduzidos numa partilha generosa. É uma causa de toda a diocese e ao serviço de toda a diocese”, conclui a mensagem.