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O número de casos existentes em Portugal de infeção pelo novo coronavírus resulta da informação que os médicos vão colocando numa plataforma comum. A explicação foi dada nesta quarta-feira pelo primeiro-ministro.
“Cada médico faz a inscrição numa plataforma comum dos casos que identifica. Os números da DGS [Direção-Geral da Saíde] são simplesmente a agregação dessa informação descentralizada. A DGS não cria números”, destacou António Costa, em resposta aos jornalistas, no Hospital Curry Cabral.
A questão surgiu depois de, na terça-feira, o balanço diário da DGS ter sido corrigido duas vezes, tendo o número de vítimas mortais passado de 29 para 30 e depois para 33.
“Os números da DGS são os que são fornecidos pelos profissionais de saúde e é com base nessa informação que temos de trabalhar”, reforçou.
Nesta manhã de quarta-feira, o chefe do Governo visitou o Serviço de Infecciologia daquele hospital – que foi o primeiro de referência para a Covid-19 e que deverá agora ser transformado numa unidade totalmente dedicada à doença.
António Costa esteve reunido durante uma hora e meia com vários responsáveis do hospital, incluindo o diretor do Serviço de Doenças Infecciosas, Fernando Maltez, com o objetivo de conhecer as necessidades dos profissionais de saúde.
“Não vou andar a alimentar polémicas”, garantiu na conferência de imprensa, quando questionado sobre a necessidade de material e equipamento nos hospitais.
“Quis vir inteirar-me dos desafios do dia a dia, o apoio de que precisam, e avaliar a situação concreta que existe”, afirmou, justificando a visita ao hospital (donde está certo que sai sem perigo de contágio).
Antes dos testes, a disciplina
Sobre a eventual falta de testes para realizar aos casos suspeitos de infeção pelo novo coronavírus e sobre a falta de material de proteção para os profissionais de saúde, António Costa e Fernando Maltez foram unânimes na mensagem: o importante é manter a disciplina.
“A disciplina de lavar as mãos, de não levar as mãos à cara, de não nos cumprimentarmos, abraçarmos e beijarmos, de ficar o máximo em casa, de evitar ao máximo as saídas”, concretizou o primeiro-ministro.
“Se conseguirmos todos cumprir o que cada um de nós pode fazer para evitar ser contaminado ou contaminar os outros, é a melhor ajuda que podemos dar para que não faltem testes, não falte equipamento, não faltem médicos, não faltem camas”, salientou.
E esta foi a mensagem que ouviu do diretor do Serviço de Doenças Infecciosas: "o senhor diretor do serviço, Fernando Maltez, pediu-me para mantermos o estado de emergência, a contenção, o isolamento social e uma enorme disciplina, que temos tido e temos de ter mais ainda”.
Ainda assim, António Costa tirou a lista do bolso e enumerou o material que o Governo encomendou para as unidades de saúde:
- Mais de 380 mil batas
- Quase 550 mil fatos de proteção
- Mais de seis milhões de luvas esterilizadas
- 10 milhões de luvas não esterilizadas
- 368 mil máscaras com viseira
- 17 milhões de máscaras cirúrgicas e
- 8 milhões de máscaras FFP2 e FFP3
- 743 mil protetores de calçado
- 1 milhão de toucas.
“Estão encomendados, ainda não chegaram”, frisou o primeiro-ministro. A estes números, juntam-se 500 ventiladores, segundo a informação dada mais tarde, na conferência de imprensa da DGS, pelo secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales.
Fernando Maltez garantiu, por seu lado, que “até à data, não tivemos falta de equipamento de proteção individual”.
“Os equipamentos devem ser utilizados de acordo com o indicado, de acordo com as necessidades e não mais do que isso. Não é pelo facto de se usar equipamentos de proteção a dobrar ou a triplicar que ficamos mais protegidos – antes pelo contrário”, sublinhou o especialista em doenças infecciosas.
“O nosso objetivo não é comprar mais equipamentos, o objetivo principal neste momento é obedecer às medidas de contenção, não falharmos em nenhuma das indicações que nos foi dada, de forma a evitarmos ter um número de doentes que nos obrigue a comprar mais equipamentos”, sublinhou o diretor do Serviço de Doenças Infecciosas.
“Se cumprirmos todos as nossas obrigações – do isolamento social, da higiene, da etiqueta respiratória – pode fazer toda a diferença comparativamente a essas curvas epidémicas a que estamos a assistir” noutros países da Europa, afirmou ainda.
Fernando Maltez elogiou, a propósito, a tomada atempada de medidas e “em pacote – que é como deve ser”.
Em resposta às questões dos jornalistas, Fernando Maltez referiu ainda que, no Hospital Curry Cabral, são feitos “à volta de 120 testes” por dia e garantiu que “até agora não tivemos qualquer falta de testes”.
Por fim, o especialista diz que “as características [da Covid-19] no nosso país são idênticas às que se referem noutros países. Não esperamos taxa de mortalidade diferente, à volta dos 3%”.
Isto, “se não houver nenhuma mudança genética do vírus”, conclui.
Em Portugal existe, segundo dados desta quarta-feira, um total de 2.995 pessoas infetadas pelo novo coronavírus, das quais 43 morreram e 22 já recuperaram.