A imprensa italiana avança com a possibilidade de o Papa Francisco enviar emissários pessoais de paz aos presidentes ucraniano e russo para tentar mediar um cessar-fogo. Mas a Santa Sé mantém o silêncio.
A notícia partiu de um site dedicado a informações relacionadas com o Vaticano, “Il Sismografo”. Apesar de não estar relacionado com a Santa Sé, nem sequer do ponto de vista oficioso, tem no entanto boas fontes.
Quando o Papa regressou da da sua última a viagem à Hungria, a 30 de abril, fez um comentário aos jornalistas, sobre o envolvimento do Vaticano numa missão para tentar acabar com a guerra. “Está agora uma missão em curso, mas ainda não é pública. Veremos, quando for pública, falarei disso", disse então o Papa.
A notícia, divulgada esta quinta-feira, revela que esta "missão" de que Francisco falou, poderá incluir um plano para enviar a Kiev o cardeal Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha, para conversar com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky; e, por outro lado, enviar a Moscovo o arcebispo Claudio Gugerotti, chefe do departamento do Vaticano para as Igrejas Orientais, para se encontrar com o presidente Vladimir Putin.
O site não cita fontes nem avança detalhes. O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, também não quis comentar. Mas, a propósito desta hipótese de “missão Papal”, avançada esta quinta-feira, a agência Reuters recorda recentes comentários de Matteo Bruni, sobre declarações do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, dizendo que "agora é o momento de tomar a iniciativa de criar uma paz justa na Ucrânia”.
Segundo refere a Reuters, não foi possível contactar o cardeal Zuppi nem o arcebispo Gugerotti e fontes diplomáticas disseram que, para já “ainda nada é concreto”.
Recorde-se que, em 2003, João Paulo II enviou dois cardeais, um a Washington e outro a Baghdad, para dialogarem com os respetivos líderes e tentarem evitar a guerra no Iraque. Os diálogos aconteceram, mas não evitaram a guerra.
No passado sábado, o presidente Zelensky encontrou-se com o Papa no Vaticano. Em comentários posteriores à televisão italiana, o presidente ucraniano minimizou a possibilidade de uma mediação papal. "Com todo o respeito por Sua Santidade, não precisamos de mediadores, precisamos de uma paz justa. Putin apenas mata. Não precisamos de uma mediação com ele", afirmou.