O Governo não cede e vai mesmo avançar com a descida do IRC de 21 para 20%.
E o objetivo é ir baixando gradualmente até aos 17% no final da legislatura.
O Explicador Renascença esclarece os detalhes.
Quanto vale esta descida de 1%?
Nos primeiros quatro anos, a medida deverá representar uma quebra de receita da ordem dos quatro mil e 500 milhões de euros.
São contas feitas pelo PCP e apresentadas no Parlamento. Considerando estes valores, o Estado perderia 1.125 milhões de euros por ano.
Qual o impacto nas receitas anuais do Estado?
Tendo em conta que o Governo prevê uma receita de cerca de 426 mil milhões, isto representa 0,26%.
Usando esta imagem, se considerarmos um litro de sumo de laranja, isso daria qualquer coisa como 2,6 mililitros.
É mais uma diminuição da receita?
Não, porque a receita tem subido ao longo dos últimos anos. Aliás, no ano passado - de acordo com dados do Portal Mais Transparência - a receita com impostos rondou os 60 mil milhões de euros, sendo que os valores angariados entre impostos diretos e indiretos foi sempre superior às previsões do Governo.
Este ano, de acordo com o jornal "Público", o Governo estima arrecadar mais 50 mil milhões de euros em receitas de impostos - mais 20% - face ao anterior quadro plurianual.
Quantas empresas pagam IRC em Portugal?
Pouco mais de metade das empresas existentes em Portugal, que são cerca de 500 mil.
O PS foi sempre contra a descida do IRC?
Não. E é preciso recuar uma década: em 2013, quando Pedro Passos Coelho era primeiro-ministro e António José Seguro líder do PS, havia um entendimento para reduzir a taxa de IRC de 25% para 23% no ano seguinte. Portanto, em 2014.
E o que estava previsto é que a a taxa voltaria a ser reduzida, para 21% em 2015.
Semelhanças com o plano que o PS agora recusa?
Tantas semelhanças que o acordo de há uma década também previa que a redução do IRC continuasse até atingir os 17%.
Só que a chegada de António Costa ao Governo pôs fim a esse entendimento. Ou seja, Luís Montenegro quer recuperar o acordo firmado entre Passos Coelho e António José Seguro, em 2013.E promete não ceder.
Até esta altura, esse continua a ser o principal ponto de divergência quanto à possibilidade do PS viabilizar o Orçamento para o próximo ano.
Está em causa a aprovação do documento?
Aparentemente, não. E pode ser o Chega a salvar o Orçamento para o próximo ano.
André Ventura garantiu que, caso Governo e PS não cheguem a um entendimento, o partido está pronto para garantir que o documento não será chumbado, evitando assim um cenário de crise política.