No último ano lectivo, mais alunos do 3.º ciclo do ensino básico e do secundário conseguiram chegar ao fim sem chumbar e com notas positivas nos exames nacionais do 9.º e 12.º ano.
Os dados foram divulgados esta tarde pelo Ministério da Educação e mostram que há cada vez mais alunos a conseguir concluir os dois ciclos com um "percurso directo de sucesso". Este indicador foi introduzido o ano passado pela tutela e analisa o percurso escolar dos alunos ao longo dos últimos três anos lectivos.
A avaliação do desempenho dos alunos ao longo dos anos que passam na escola, valoriza mais evolução dos estudante do que os resultados pontuais nos exames nacionais. Para o secretário de Estado da Educação, João Costa, a avaliação do "percurso directo de sucesso" é uma forma mais "aprofundada e menos simplista" de comparar escolas.
Os actuais rankings das escolas listam os estabelecimentos de ensino com base nas notas dos alunos, sem dados objectivos sobre a real progressão dos estudantes. Na prática, isto significa que as escolas com os alunos com melhores notas finais podem não ser as que fazem um melhor trabalho de continuidade.
Para o secretário de Estado da Educação, João Costa, este indicador permite identificar as "más práticas educativas", como as das escolas que "chutam alunos para fora porque não estão a ter bons resultados, porque vão manchar a estatística no final" ou que "forçam os alunos a mudar de percurso formativo porque assim não chegam ao exame".
A avaliação do percurso dos alunos ao longo do tempo, também já começa a servir para "penalizar as escolas que seleccionam alunos à entrada", frisou João Costa na apresentação.
"Uma escola não é boa apenas pelos resultados absolutos. Uma escola é boa pelo percurso que permite que os alunos façam", resumiu o secretário de Estado da Educação.
Mais sucesso, mas não para todos
No ano lectivo de 2016/2017, 46% dos alunos que concluíram o 9.º ano tiveram positiva no exame nacional e não chumbaram (ou seja, passaram sempre de ano no 7.º, 8.º e 9.º). No entanto, o sucesso não foi igual para todos. Há mais raparigas com "percursos escolares de sucesso" (51%) do que rapazes (41%).
A percentagem de alunos de famílias mais favorecidas com percursos de sucesso permanece mais elevada. Mais de metade dos alunos sem apoio social escolar (54%) conseguiu terminar o 3.º ciclo sem chumbos. Apenas 22% dos alunos com escalão A (considerados os mais carenciados) fez o mesmo percurso sem chumbar. Do escalão B foram 24%.
Dos alunos que chegaram ao fim do ensino secundário (12.º ano), 42% tiveram um "percurso escolar de sucesso" - sem chumbos do 10.º ao 12.º e com positiva nos exames nacionais. As raparigas tiveram um desempenho superior: 47% de taxa de sucesso contra 37% dos rapazes.
Sem surpresa, os alunos oriundos de meio sociais com mais recursos também tiveram mais sucesso no percurso do ensino secundário: 44%. Do escalão B, pouco mais de um terço dos alunos conseguiu terminar o secundário sem chumbar (35%). A taxa baixa ainda mais no caso dos alunos do escalão A, com 28% dos alunos com um "percurso escolar de sucesso".
Resultados melhores reflectem exames nacionais
A melhoria dos resultados dos alunos foi caracterizada pelo secretário de Estado da Educação, João Costa, como "ligeira subida" e reforçou que é "preciso olhar para os dados com alguma calma". Até porque "as variações a dois anos, quando falamos de educação, têm sempre um peso relativo" reforçou o responsável da tutela.
Outra razão que ajuda a explicar o melhor desempenho do percurso dos alunos é a subida das notas registada nos exames nacionais.