O Tribunal de Bragança condenou esta sexta-feira o marido de uma ex-concorrente do Big Brother a uma pena efetiva de três anos de prisão domiciliária por tráfico de droga no Norte do país. Os restantes três arguidos foram condenados a penas suspensas.
Dos quatro arguidos no banco dos réus, apenas um, Vítor Soares, foi condenado a uma pena efetiva por ter antecedentes criminais. Ainda assim, devido a uma alteração não substancial dos factos, acabou por ser condenado por um crime de tráfico de droga de menor gravidade.
O arguido, de 33 anos, vai cumprir a pena em prisão domiciliária, vigiado por pulseira eletrónica, e a esta pena descontam os 15 meses já cumpridos em prisão preventiva.
Vítor Soares, conhecido por 'Vitó' e companheiro da ex-concorrente Sónia Jesus, vai ficar na cadeia até que sejam elaborados os relatórios necessários para poder cumprir a pena em casa.
Os restantes três arguidos da operação "Semente em Pó" - mais dois homens, de 53 e 55 anos, e uma mulher, de 44 anos -, foram condenados a penas suspensas.
Um deles é Amílcar Teixeira, pai do ex-concorrente Edmar Teixeira, cuja pena suspensa é de quatro anos e seis meses. O tribunal decretou a libertação imediata dos dois arguidos que se mantinham em prisão preventiva.
Rede de tráfico montada durante as galas do concurso
O caso remonta a junho de 2022, quando a GNR realizou durante dois dias a operação "Semente em Pó" em vários concelhos da região Norte para dar cumprimento a cinco mandados de detenção, nove mandados de buscas domiciliárias e a 15 mandados de buscas em veículos, anexos e estabelecimentos, tendo detido seis pessoas por tráfico de droga em Mirandela, Chaves, Valpaços, Vila Nova de Gaia e Boticas.
De acordo com a acusação, Vítor Soares e Amílcar Teixeira conheceram-se nas galas da edição de 2020 do programa de televisão. Em conversa, terão percebido que ambos negociavam droga, juntando-se para conseguir maiores lucros.
Vítor, que estava a cumprir uma pena suspensa por tráfico de droga, comprava a cocaína na Galiza ou em bairros do Porto e Vila Nova de Gaia, encaminhando-a para a Amílcar, que a revendia em Trás-os-Montes.
Para julgamento seguiram cinco arguidos que tinham sido detidos: uma engenheira e dois empresários de Mirandela, um porteiro de Vila Nova de Gaia e um mecânico de Boticas. Três dos arguidos estiveram em prisão preventiva. Um deles, um dos empresários, de 56 anos, morreu na cadeia de Bragança ainda antes de o julgamento começar.
No final da leitura do acórdão, a juiz disse aos arguidos esperar que esta decisão do coletivo de juízes possa contribuir para que possam "reorientar a vida". "A vida é vossa, só têm esta, cabe a vocês fazerem o melhor por ela", disse.
Depois da sessão, o advogado de defesa do arguido condenado a pena efetiva disse que só vai decidir se vai recorrer depois da leitura integral do acórdão.
Aquando da operação da GNR, as autoridades apreenderam 500 doses de cocaína, 26 de haxixe, 40 de canábis folhas, 63 plantas e sementes de canábis, quatro balanças de precisão, outro material relacionado com o tráfico de droga, além de mais de cinco mil euros em dinheiro, duas viaturas, armas de fogo e munições, bastões, catanas e material informático, entre outro material.
Segundo o que foi dito durante o julgamento, cada grama de cocaína apreendida custava 60 euros ao consumidor, o que perfaz um valor de 30 mil euros no mercado ilegal.