- Todas as notícias sobre a pandemia de Covid-19
- Guias e explicadores: as suas dúvidas esclarecidas
- Boletins Covid-19: gráficos, balanços e outros números
- Os últimos números da pandemia em Portugal e no mundo
Ruca, lateral do Feirense, não concorda com a decisão do governo e da Liga de Clubes de dar como concluída a II Liga, devido à pandemia da Covid-19, quando a primeira divisão terá luz verde para retomar competição.
O defesa de 29 anos diz que este "é provavelmente um dos dias mais negros da história do futebol profissional em Portugal", acusando a Liga de critérios diferentes para duas provas organizadas pela mesma instituição.
"Duas competições sob alçada do mesmo organismo, com as mesmas regras, com os mesmos direitos e com os mesmo deveres. E então, o porquê da decisão de se jogar a I Liga até ao fim e acabar imediatamente com a segunda? Tenham vergonha", afirma o jogador.
Ruca acredita que a decisão de colocar um ponto final na temporada do segundo escalão e retomar a I Liga "não é uma questão de saúde pública". "Nunca foi. É uma questão de interesses instalados, de poderes absolutos que fazem o que querem e bem lhes apetece do nosso 'futebol'", diz.
O Feirense estava ainda na luta pelo regresso à I Liga, depois de ter descido de divisão na última temporada. Os fogaceiros ocupavam a terceira posição, a seis pontos de um lugar de subida, depois de uma série de bons resultados com Filipe Rocha no comando técnico, que permitiu o clube reentrar na luta pela subida.
"Para quem manda, é muito fácil resolver, deixam-se cair umas migalhas e os pobres calam-se, porque muitos deles não têm interesse nenhum de competir até ao fim, seja porque já não têm nada a ganhar ou a perder, seja por estarem dentro dos objetivos ou porque sempre dá para poupar algum dinheiro", acusa.
Salários vão continuar em atraso
O lateral-esquerdo levanta também a questão salarial e questiona como é que muitos jogadores profissionais "vão viver ou pagar contas".
"Desengane-se quem pense que esse dinheiro vai servir para pagar salários, porque colegas meus de profissão que já tenham salários em atraso, vão continuar a ter,sem receber até à próxima época. E como vão fazer para viver? Para pagar as contas? Para meter comida na mesa para os filhos? Quem de direito não quer sequer saber disso", diz.
Ruca deixa ainda uma crítica às entidades responsáveis pelo futebol português, Liga de Clubes e Federação Portuguesa de Futebol.
"E aquele(s) que nos deviam defender, aquele(s) que supostamente são a nossa defesa, quem luta por nós, quem defende os interesses dos jogadores, continuam calados", diz.
O defesa termina ao referir que não questiona "que não haja condições para o regresso do futebol a tempo de concluir a época", mas não aceita "que se tomem decisões diferentes no mesmo contexto".