O presidente da Metro do Porto afirmou que as informações das 27 propostas submetidas no concurso público de conceção para a construção da nova ponte sobre o rio Douro vão ser reveladas depois da segunda fase estar concluída.
“Quando escolhermos o vencedor tudo será público. As pessoas depois poderão consultar, ver as soluções, as propostas, porque é que foram excluídas e os autores de cada uma delas”, afirmou, em declarações à Lusa, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga.
À margem de um debate a cerca da nova ponte sobre o rio Douro, organizado pela Ordem dos Arquitetos Secção Regional do Norte (OASRN), Tiago Braga afirmou que a informação é “por definição” pública, que qualquer concorrente tem acesso e qualquer pessoa “pode solicitar as peças do concurso”.
“A Metro do Porto vai tomar a iniciativa de uma forma mais pró-ativa do que o que está legalmente previsto. Nós queremos é esclarecer, tem sido dito muita coisa que não ajuda ao esclarecimento”, referiu.
A revelação de que a empresa tornará públicas as propostas dos 27 concorrentes surgiu de um repto lançado pelo presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, também presente no debate.
“Era muito importante pôr num microsite as propostas todas. Acho que deve ser feito rapidamente para não alimentar mais discórdia”, sugeriu o autarca durante o debate que ficou marcado pela discussão sobre o caderno de encargos da nova ponte sobre o rio Douro, a cota e intersecção nas encostas de Vila Nova de Gaia e do Porto.
Eduardo Vítor Rodrigues defendeu ser “importante” e “justo” que a comunidade tenha conhecimento das propostas.
“Não era justo termos as 27 propostas com os bonecos exibidos? Com os autores? A transparência é só ter feito o caderno de encargos? Eu só conheço os três projetos vencedores”, observou.
Durante o debate, foram também levantadas questões ao nível das interceções da infraestrutura nas encostas com Gaia e Porto, nomeadamente, se a solução preconizada deveria ser subterrânea.
O investigador do Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo da FAUP, Edgar Brito, salientou que dos 27 projetistas, “11 foram excluídos” e que face aos critérios do caderno de encargos e análise de risco, pode estar em causa “uma derrapagem de centenas de milhões de euros”.
“Se dez projetistas processarem a Metro do Porto podemos estar a falar potencialmente em 40 milhões de euros”, disse.
Também presente no debate, o arquiteto Alves da Costa, que representou a Ordem dos Arquitetos no júri do concurso público internacional de conceção da nova ponte, disse ter aceitado “ingenuamente” o papel de representante.
Recusando representar o júri do concurso, o arquiteto salientou que a “razão de ser da discussão” se prende com as “propostas enterradas”, nomeadamente, aquelas que previam o traçado enterrado nas encostas com Gaia e o Porto.
“Os arquitetos foram encarregues de escolher as cinco melhores propostas e os engenheiros também. Entre as cinco melhores propostas que os arquitetos escolheram, duas tinham o traçado enterrado. O caderno de encargos pareceu-nos ambíguo e resolvemos pedir um parecer jurídico sobre esta matéria. Foi feita a consulta e considerado que as propostas enterradas não cumpriam o caderno de encargos. O júri não as considerou mais e não foi por nossa vontade que foram eliminadas”, esclareceu.
Quase um mês depois de terem sido conhecidos os três projetos finalistas para a nova ponte que irá ligar Santo Ovídio, em Gaia, à Casa da Música, no Porto, a equipa de conceção de um projeto para a nova ponte, representada pelo arquiteto Joaquim Massena, contestou a exclusão da sua candidatura e criticou o mimetismo da solução em arco de betão idêntica à da Ponte da Arrábida.
O júri do concurso atribuiu o primeiro lugar ao consórcio liderado por Edgar Cardoso: Laboratório de Estruturas que propõe uma solução tipo pórtico com escoras inclinadas, com betão como principal material e uma altura superior à da Ponte da Arrábida.
Já o segundo lugar foi atribuído ao projeto do consórcio liderado pela COBA, que apresenta uma solução de arco com tabuleiro a nível intermédio, com pilares de betão armado nas encostas e pilares metálicos sobre o arco.
O terceiro lugar foi atribuído ao consórcio liderado pela Betar – Consultores, cujo projeto assenta numa solução de pórtico de pilares inclinados e assimétricos nas margens, com o tabuleiro a ser constituído por aço e betão e os pilares e encontros em betão armado.
As condições da segunda fase do concurso público internacional foram aprovadas e a consulta aos três vencedores que tem por base três critérios de avaliação: qualidade do trabalho de conceção (vale 50%), preço (20%), prazo de execução (30%).
A data de entrega de propostas está prevista para o dia 18 de novembro e a publicação do relatório do júri será a 30 de novembro, sendo que a intenção da Metro é proceder à adjudicação do trabalho de projeto de execução a 07 de dezembro.
O concurso público internacional de conceção de uma nova ponte sobre o rio Douro foi lançado em 16 de março, numa cerimónia que decorreu nos Jardins do Palácio de Cristal, no Porto, presidida pelo primeiro-ministro, António Costa, com a presença, entre outros, do Ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes.