O presidente do Chega, André Ventura, afirmou hoje que mantém a confiança política em Gabriel Mithá Ribeiro e indicou que o vice-presidente demissionário se vai manter como deputado do partido.
"Transmiti ao deputado Gabriel Mithá Ribeiro a minha confiança no seu trabalho, a minha confiança enquanto deputado, e entendo que as questões que pudessem subsistir parecem-me sanadas", disse, em conferência de imprensa, apontando que não haverá "nenhuma cisão nem nenhuma divisão no grupo parlamentar".
O líder do partido de extrema-direita e o deputado tinham uma reunião agendada para esta tarde na sede nacional do Chega, em Lisboa, mas alguns minutos antes da hora marcada a assessoria de Gabriel Mithá Ribeiro informou a agência Lusa de que o deputado não iria estar presente "por entender que de momento não estão reunidas as condições" e que André Ventura tinha sido informado da sua decisão "via e-mail".
Aos jornalistas, Ventura disse que, ainda assim, falou com Mithá Ribeiro e que o dirigente "teve a perceção" de que o líder quereria "retirar-lhe a confiança política enquanto deputado do Chega".
Questionado se essa ideia lhe foi transmitida pelo próprio, o líder do partido de extrema-direita recusou "revelar conversas privadas", mas disse ter "elementos que indiciam que essa foi a perceção com que ficou", e considerou que pode ser justificado com "alguma falha de comunicação ou de má compreensão" das suas palavras.
"Não é disso que se trata. Quer o presidente do partido, quer a liderança da bancada parlamentar, mantêm a confiança no trabalho, na representatividade do deputado Gabriel Mithá Ribeiro", garantiu, tendo ao seu lado o líder parlamentar, Pedro Pinto, e um dos "vices", Rui Paulo Sousa.
Essa confiança "mantém-se nestas circunstâncias, enquanto elas não se alterarem", acrescentou.
"A informação que tenho até ao momento é que o Gabriel Mithá Ribeiro continuará como deputado do Chega", indicou também o presidente do partido, apontando ter indicação de que o agora ex-vice-presidente estará presente na rentrée do partido, na quinta-feira, e na academia de verão da juventude Chega, no final da semana.
O líder do partido salientou, no entanto, que um deputado que não se sinta "em condições de continuar a representar o Chega" deve renunciar ao mandato e dar "lugar ao próximo da lista".
André Ventura indicou ainda que, "perante os acontecimentos de hoje", vai reunir a direção nacional do Chega e o grupo parlamentar "para que se analise a situação e se possa chegar a uma maior unidade".
E considerou que esta situação "causa e causou algum desconforto ao grupo parlamentar", mas defendeu que "é natural" que os deputados não estejam "de acordo".
Questionado sobre a partilha pelo deputado Gabriel Mithá Ribeiro, nas redes sociais, de um artigo de Pedro Arroja, no qual este dirigente diz estar "bastante dececionado" com as propostas do partido na área da justiça, o líder do Chega defendeu que os deputados devem ser solidários e considerou que "o que estava escrito era injusto" e "objetivamente falso".
"A questão não é se eu estou confortável ou não. Como dizia Sá Caneiro, eu estou sempre confortável com a liberdade e portanto sempre que há uma opinião diferente, ainda que seja da minha, por muito desconforto que me cause, é a opinião daquela pessoa e por isso eu respeito isso", afirmou.
O deputado Gabriel Mithá Ribeiro anunciou na segunda-feira que pediu a demissão de vice-presidente do Chega, depois de ter sido afastado de coordenador do gabinete de estudos. Esse cargo foi assumido por André Ventura, que na segunda-feira justificou a decisão com a reorganização interna que vai propor.
Sobre essa reestruturação do partido, o presidente declarou que já há um grupo de trabalho constituído, "onde estão também membros da oposição interna", e estimou que no "final de setembro, início de outubro", terá lugar uma reunião de dois dias do Conselho Nacional - órgão máximo do partido entre congressos - para votar "uma reforma profunda dos estatutos do partido nas suas várias dimensões.