O Turismo Industrial é a nova grande aposta do Turismo de Portugal
O projeto envolve cinco Regiões de Turismo, as Direções Regionais de Turismo dos Açores e da Madeira, sete municípios portugueses, a Associação Portuguesa do Património Industrial, o Roteiro Minas e Pontos de Interesse Mineiro e Geológico de Portugal e as fábricas Vista Alegre e New Hand Lab, que constituíram a Rede Portuguesa Património Industrial.
A nova aposta quer proporcionar aos turistas experiências relacionadas com os processos de produção ou com o seu passado histórico e cultural.
Trata-se de um tipo de turismo que, segundo a vice-presidente do Turismo de Portugal, Teresa Monteiro, tem a vantagem de “permitir conhecer produtos que não estavam suficientemente identificados e divulgados”, dotando a oferta turística “de mais atratividade e tornando-a mais competitiva.”
Em declarações à Renascença, Teresa Monteiro explica que “hoje, é importante apresentar ao turista experiências novas e diferentes”.
A aposta é vista como tendo elevado potencial, dado que apenas estão ainda identificados cerca de 10% dos produtos que existem a nível nacional, o que faz com que haja “terreno fértil para crescer”, acrescentou Teresa Monteiro.
É no Norte e no Centro que, neste momento, se concentra o maior número de pontos turísticos de interesse. Estão enquadrados nas tipologias de moda e têxtil, ourivesaria, cerâmica e vidro, agroalimentar, indústria extrativa, energia, transportes, serviços e comunicações, metalomecânica e cortiça.
Na Covilhã, está instalada uma das unidades empresariais que aderiu ao conceito.
A New Hand Lab é hoje o rosto de uma fábrica de lanifícios fundada em 1853 e que se manteve em laboração até 2002, altura em que a Administração decidiu parar a atividade. Algum tempo depois, “por insistência de algumas pessoas do Turismo de Portugal”, conta Francisco Afonso, o administrador, o espaço viria a ser remodelado, para dar lugar ao New Hand Lab. Ali, os visitantes podem ver as antigas máquinas em que era feita a lã.
Para o empresário, a aposta no Turismo Industrial foi “uma grande mais-valia”. “É uma maneira de perpetuar, conservar o edifício e dar-lhe vida”, acrescentou.
Combater a sazonalidade com azeite e vinho
Conhecida pelo produto “Sol e Praia”, a Região de Turismo do Algarve decidiu integrar o projeto para diversificar a oferta.
Fátima Catarina, vice-Presidente da Região de Turismo disse à Renascença que o Turismo industrial vai permitir mostrar aos visitantes “a indústria do saber fazer”, como a produção de azeite e de vinho, o que vai “atenuar a sazonalidade da procura turística que é muito elevada no Algarve”.
Na Marinha Grande, um dos espaços que aderiram ao Turismo Industrial foi o Cencal – Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica, onde nesta sexta-feira foi produzida uma peça única de vidro soprado.
Profundamente industrializado, o concelho da Marinha Grande é também rico em praias, por isso, para Aurélio Ferreira, o presidente da Câmara, o Turismo Industrial vem “complementar a oferta turística”.
Ana Cláudia já fez turismo industrial por três vezes. Visitou o Centro da Ciência do Café em Campo Maior, a Viarco em S. João da Madeira, onde ficou a saber como se fabricam os lápis, e ainda o Centro Tecnológico do Calçado, e o Museu do Calçado e Chapelaria, também em S. João da Madeira.
O que mais a atrai, disse à Renascença, “é conhecer os processos produtivos, os mercados para onde são vendidos os produtos, enfim, o que está por detrás do desenvolvimento do produto que, no dia-a-dia, usamos.” Tendo em conta todo “o conhecimento que se abarca neste tipo de turismo, é muito gratificante”.
A sessão desta sexta-feira marcou o início da 1.ª Semana Nacional “À descoberta do Turismo Industrial” que decorre em vários pontos do país até 14 de abril e que visa divulgar o turismo industrial como produto turístico que se tem vindo a consolidar em Portugal, através do incremento de uma oferta suportada em visitas a fábricas em laboração, equipamentos museológicos ligados a antigos complexos industriais e a um “saber fazer” complementadas com diferentes experiências de contacto com os produtos e processos produtivos.