Peritos do Instituto de Medicina Legal confirmam que Ricardo Salgado, ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), tem a doença de Alzheimer, avançaram esta segunda-feira a Visão e o ECO.
Ricardo Salgado, de 79 anos, pode marcar presença em tribunal, nos casos em que é arguido, mas as suas declarações podem estar “comprometidas” devido à doença de Alzheimer, referem três especialistas.
O relatório, assinado por Fernando Vieira, Camila Nóbrega e Henrique Barreto, confirma que o ex-presidente do BES “sofre de patologia neurológica/neuropsiquiátrica, mais propriamente Doença de Alzheimer muito provável, estando não só presente a necessária semiologia clínica, como sendo o diagnóstico igualmente suportado por exames complementares de diagnóstico estruturais (imagiológicos), funcionais (neuropsicológicos) e fisiopatológicos (biomarcadores)”.
Os peritos do do Instituto de Medicina Legal indicam, no relatório sobre a condição de saúde de Ricardo Salgado, que não existe “real ou absoluta impossibilidade de comparecer” em tribunal.
Adiantam que o banqueiro até pode prestar declarações em tribunal, mas estas podem estar comprometidas pela facto de sofrer da doença de Alzheimer.
“Pode ser afirmado estar comprometida mas não impossibilitada a prestação de depoimento sobre matéria dos temas de prova, sendo que atenta diminuição das funções cognitivas apuradas e descritas, é expectável dificuldade acrescida seja na prestação seja na devida valoração pelo Tribunal, já que faculdades como a memória, a atenção, a velocidade de processamento e mesmo a linguagem e discurso estão diminuídas”, indica o relatório, citado pela Visão.
Sobre os eventuais futuros testemunhos de Salgado em tribunal, os peritos consideram que "do ponto de vista estritamente científico não se pode garantir que pormenores de natureza espacial, temporal e de conteúdo sejam relatados de forma rigorosa, já que poderá efetivamente recordar, ou não recordar".
O ex-banqueiro realizou no final de setembro uma perícia neurológica no Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) de Coimbra, autorizada no Caso EDP. A perícia pode vir a ser usada pela defesa como prova noutros processos, disse na altura fonte judicial à agência Lusa.
Ricardo Salgado vai a julgamento no Caso EDP por um crime de corrupção ativa para ato ilícito, um crime de corrupção ativa e outro de branqueamento de capitais.
No processo são ainda arguidos o ex-ministro da Economia Manuel Pinho, acusado de um crime de corrupção passiva para ato ilícito, outro de corrupção passiva, um crime de branqueamento de capitais e um crime de fraude fiscal, bem como a mulher do antigo governante, Alexandra Pinho, a quem é imputado um crime de branqueamento e outro de fraude fiscal.
Ricardo Salgado é arguidos noutros processos. Em outubro, foi acusado pelo Ministério Público (MP) de corrupção e branqueamento de capitais no caso das ligações do Grupo Espírito Santo (GES) à Venezuela, numa acusação que se estende a mais seis arguidos.