O ministro da Saúde não se compromete com a antecipação do calendário para negociar as carreiras dos administradores hospitalares, mas “reconhece razão” aos argumentos da associação que os representa.
“Eu reconheço razão a quem se queixa de ter uma carreira que está mais ou menos congelada há 20 anos. Vamos trabalhar e dialogar com eles, para ver se é possível encontrar um modelo mais favorável”, referiu Manuel Pizarro aos jornalistas, à margem da cerimónia de inauguração das novas instalações do Centro de Mama do Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto.
Apesar de dar razão aos gestores, o ministro não se “compromete com esse calendário”, preferindo salientar a abertura ao diálogo.
“Há uma coisa que a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares não ignora, é que há um diálogo entre o Ministério da Saúde e esta associação”, indicou.
Na quinta-feira, a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) veio a público rejeitar a proposta do Governo de adiar para 2025 a negociação sobre a sua carreira, referindo que a acontecer vai colocar em causa a qualidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Se nós queremos as pessoas motivadas para os processos de mudança que são fundamentais para o SNS, para que ele seja mais eficiente, mais produtivo, para que sirva melhor os cidadãos que nos procuram, obviamente temos de ter carreiras em que as pessoas sejam enquadradas. Portanto, sim, prejudica claramente o SNS, não termos uma carreira revista e estruturada de administração hospitalar”, afirmou à Renascença Xavier Barreto.
A proposta de calendarização, recorde-se, foi apresentada na terça-feira pela secretária de Estado da Administração Pública, Inês Ramires, numa reunião com os sindicatos da administração pública.
Novos rastreios oncológicos arrancam em 2024
Na inauguração das novas instalações do Centro de Mama do hospital e S. João, no Porto, o ministro da Saúde anunciou o alargamento do programa de rastreios oncológicos antes de 2025.
Em estudo, ao longo do ano em curso, vão estar projetos-piloto para novos rastreios.
“O nosso objetivo é avançar com projetos piloto, vamos estudá-los durante o ano de 2023, mas não posso garantir que avancem em 2023”, revelou Manuel Pizarro, remetendo essa possibilidade para o ano seguinte.
“Seguramente, que até ao final de 2024 estarão organizados projetos-piloto com acompanhamento técnico-científico particular, porque estamos a falar de áreas de inovação. É uma modificação do programa de rastreio que era recomendado internacionalmente”, lembra o governante.
Em causa estão as despistagens a três novos tipos de cancros - do pulmão, do estomago e da próstata - que vão levar o país ao topo dos países europeus nesta matéria.
“Vamos antecipar-nos às metas europeias. A meta europeia é que estes programas estejam em ação em 2025”, disse ainda Manuel Pizarro.