A fadista Vânia Duarte apresenta o novo álbum, sob o seu próprio nome, no qual se estreia como letrista e compositora, na próxima quinta-feira, dia 9 de junho, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.
Em declarações à agência Lusa, a fadista afirmou que este álbum, editado pelo Museu do Fado, é um disco de “fados e canções de amor, apego e vulnerabilidade”, e apresentou-o como “um reflexo de perspetivas entre o sonho e realidade, a afirmação e a passividade, e deixamos a história acontecer”.
Produzido pelo músico Bruno Chaveiro, que a acompanha à guitarra portuguesa, e pela fadista Raquel Tavares, sua amiga, este álbum sucede ao seu disco de estreia, “Efeito do Amor” (2011).
Vânia Duarte, nascida há 37 anos em Benavente, começou a cantar aos 12 anos, muito incentivada pelos pais, com quem frequentava as casas de fado em Lisboa. Profissionalmente, estreou-se em 2004, quando a convidaram a cantar na Casa de Linhares, no bairro lisboeta de Alfama, da qual é a atual proprietária.
O desafio para gravar um disco foi de Bruno Chaveiro, que a acompanha diariamente, e “durante alguns meses” escolheu repertório e gravou.
Constituído por nove temas, a fadista referiu-se ao disco como “equilibrado”, contando no alinhamento com três temas com assinatura sua: “A Maria”, que abre o CD, letra sua com música de Chaveiro, “A Marcelina”, letra sua e de Raquel Tavares, que assina a música, “Fado Primeiro” e “Trama”, uma letra sua, assinando a música com André Dias.
Sobre a sua estreia como autora e compositora, Vânia Duarte disse à Lusa que “foi um desafio”.
“O processo criativo surgiu talvez na sequência do confinamento que vivemos [devido à pandemia de covid-19], tínhamos mais tempo para estarmos connosco próprios e as letras foram surgindo”, disse.
Entre os nove temas, dois têm letra e música de dois músicos que apontou como seus “mestres”, Jorge Fernando e Custódio Castelo.
Jorge Fernando, que foi viola de Amália Rodrigues, foi o responsável pela sua opção pelo fado, e é o autor de “Quem Diria”, e da letra de “Não Sei Ler-te o Coração”, que Vânia gravou na melodia tradicional do Fado Perseguição, de Carlos da Maia.
Custódio Castelo, que produziu o seu primeiro disco, é autor do tema de fecho deste novo CD, “Caminhada”.
Entre as suas referências musicais, Vânia Duarte citou Dulce Pontes, ao repertório de quem foi buscar “Garça Perdida” (João Mendonça/Leonardo Amuedo). Um tema de que diz gostar muito, e que conheceu através da tuna onde ingressou, quando se licenciou em Animação Sociocultural, contou.
Outros autores são José Fialho Gouveia, de quem gravou “Sem Raízes”, no Fado Céu, de Chaveiro, Carlos Leitão, que assina a letra e música de “Sorri, Alfama!”.
No CD, Vânia Duarte é acompanhada pelos músicos Bruno Chaveiro, na guitarra portuguesa, João Domingos, na viola, José Ganchinho, na viola baixo, e ainda, em alguns temas, por Sertório Calado, na bateria, Eduardo Espinho, na guitarra elétrica, e Carlos Lopes, no cavaquinho, praticamente o mesmo grupo de músicos (sem Carlos Lopes) que a vai acompanhar na próxima quinta-feira, às 21:00, no pequeno auditório do CCB, no âmbito do ciclo "Há Fado no Cais", uma parceria com o Museu do Fado.
À Lusa a fadista referiu-se à casa de fados como “um enquadramento essencial e um conforto para enfrentar os palcos”.
“A casa de fados dá-nos ferramentas para apresentarmos os nossos temas com uma outra segurança”, acrescentou.
Referindo-se à participação de Raquel Tavares, que anunciou em janeiro do ano passado a sua vontade de deixar de cantar fado, depois de cerca de 20 anos de carreira, Vânia Duarte disse que, “acima de tudo, é uma amiga” que lhe deu conselhos e “que tem muito para ensinar”.
A artista referiu-se ao fado como “um pequeno mundo, onde, quando se descobre mais, se quer descobrir”.
“É um bichinho que se ocupa de nós”, rematou.