As campanhas para as eleições presidenciais de 2024 nos Estados Unidos da América (EUA) já ultrapassaram os mil milhões de dólares angariados no atual ciclo eleitoral. Os 310 milhões recolhidos pela campanha de Kamala Harris em julho colocam os democratas com uma importante vantagem monetária a 94 dias das eleições de 5 de novembro.
Ao todo, segundo as declarações entregues à Comissão Federal de Eleições (FEC), as campanhas de Kamala Harris (que até 21 de julho era de Joe Biden), Donald Trump e Robert F. Kennedy Jr. somam 1.048,4 milhões de dólares angariados desde 2023 – o que equivale a mais de 960 milhões de euros.
Na realidade portuguesa, estes valores não se comparam com os das campanhas eleitorais, mas sim com os de grandes obras públicas. Quando foi construída, a ponte Vasco da Gama custou 897 milhões de euros aos cofres do Estado, enquanto os encargos com o Euro 2004 foram de 1.035 milhões de euros. Ajustados à inflação, esses valores seriam hoje superiores a 1,5 mil milhões em ambos os casos.
Entre projetos atuais, a terceira travessia do Tejo tem um custo total estimado entre 1,7 mil milhões e 2,2 mil milhões de euros, dependendo da opção por um modo apenas ferroviário ou também com tabuleiro. O primeiro dois troços da linha de alta velocidade entre Porto e Lisboa têm um custo de 1,6 mil milhões de euros cada.
Na realidade política norte-americana, estes valores são normais em eleições. Em 2020, só a campanha de Joe Biden angariou mais de mil milhões de dólares, enquanto Donald Trump recolheu 774 milhões de dólares.
Além das campanhas, também os comités de ação política - chamados de PAC e Super PAC – leais aos dois partidos angariaram milhares de milhões de dólares. Ao todo, segundo as contas da organização “Open Secrets”, foram gastos 5,7 mil milhões de dólares na eleição presidencial de 2020.
Nas eleições desse ano para a Câmara dos Representantes e para o Senado, o valor gasto foi de 8,7 mil milhões de dólares. 2020 foi palco de nove das dez eleições mais caras de sempre para o Senado – o recorde foi da eleição da Geórgia, com 510 milhões gastos entre o democrata Jon Ossoff, que ganhou na segunda volta (a 5 de janeiro de 2021), e o republicano David Perdue.
Harris com vantagem na conta bancária
As contas mensais das campanhas são acessíveis através da página da Comissão Federal de Eleições, onde cada candidatura tem uma página com todos os documentos disponíveis.
Os valores anunciados pelas campanhas de Donald Trump e Kamala Harris para julho ainda não estão disponíveis nos documentos. Contudo, segundo o “Politico”, a campanha de Harris e os comités associados aos democratas têm 377 milhões de dólares prontos a gastar, enquanto Donald Trump e os seus associados têm 327 milhões reunidos.
A angariação de fundos das campanhas de Trump e Joe Biden na primeira metade do ano foi um espelho da falta de entusiasmo dos eleitores por uma repetição da eleição de 2020. Com pouco mais de três meses para o dia decisivo, as campanhas já estão a receber mais donativos, mas nada se compara ao efeito que a troca de Biden por Harris teve nos fundos dos Democratas, que aumentaram de forma exponencial.
Kamala Harris tornou-se oficialmente a nomeada do Partido Democrata para a Casa Branca esta sexta-feira, ultrapassando rapidamente os votos necessários dos delegados na votação virtual antes da convenção em Chicago.
A vice-presidente dos EUA está também a recuperar o terreno perdido por Joe Biden para Donald Trump nas sondagens – mas precisa de manter o atual ímpeto se quer garantir uma vitória nas eleições de 5 de novembro.