No dia em que foi alcançado um acordo global para a biodiversidade, o secretário-geral das Nações Unidas (ONU) anuncia a convocação de uma nova Cimeira Climática “ambiciosa” para 2023.
No balanço de 2022 que efetuou esta segunda-feira, António Guterres voltou a apelar aos líderes de governos, de empresas, e da própria sociedade civil para que tomem novas medidas que sejam credíveis.
“Vou convocar uma ambiciosa Cimeira Climática para setembro de 2023”, anunciou.
“Convido todos os líderes a participar. O convite é aberto, mas há um preço de entrada a pagar. E esse preço não é negociável”, sublinhou Guterres, revelando os objetivos que propõe.
“Devem ser apresentadas novas ações credíveis e sérias e novas soluções para responder à urgência da crise climática”, declarou.
Depois de quatro anos de conversações e de quase duas semanas de negociações, os Estados-membros da COP15 aprovaram na última madrugada um histórico acordo de proteção da biodiversidade global.
O acordo, que foi fechado no penúltimo dia da cimeira dedicada ao tema em Montreal, no Canadá, prevê garantias de proteção de pelo menos 30% da terra e água do planeta até 2030, com centenas de milhares de milhões direcionados para a conservação de locais e espécies selvagens.
Atualmente, apenas 17% das áreas terrestres e 10% das áreas marinhas consideradas importantes para a manutenção da biodiversidade estão protegidas. Desde 1970, a biodiversidade no planeta Terra sofreu um declínio de quase 70%.
O acordo hoje alcançado prevê que se aumente para 200 mil milhões de dólares o total de fundos a aplicar na proteção da biodiversidade até 2030, prevendo a possibilidade de virem a serem investidos outros 500 mil milhões ao longo dos próximos anos.
Como parte do plano de financiamento, os países signatários preveem aumentar para pelo menos 20 mil milhões de dólares o valor anual destinado a países pobres até 2025 para garantir a proteção da biodiversidade nos seus territórios — cerca do dobro do que é atualmente atribuído. Esse valor poderá ascender aos 30 mil milhões de dólares até 2030.
Num outro plano, o secretário-geral da ONU prometeu não desistir da busca pela paz na Ucrânia, embora afirme não acreditar na possibilidade de efetivas negociações de paz, a breve prazo.
“Não estou otimista sobre a possibilidade de negociações de paz efetivas no futuro imediato. Acredito, sim, que o confronto militar vai continuar”, salientou.
António Guterres considera que “ainda temos de esperar por um momento em que sejam possíveis negociações sérias de paz”, não as observando “como possíveis no imediato”.
Guterres realçou ainda o "poder da diplomacia determinada e discreta" perante a guerra da Rússia da Ucrânia, dando como exemplo o desbloqueio de mais de 14 milhões de toneladas métricas de alimentos que estavam retidos nos portos ucranianos.
"O nosso mundo enfrentou muitas provações e testes em 2022 – alguns familiares, outros que talvez não imaginássemos. Pode haver muitos motivos para desespero. As divisões geopolíticas tornaram a solução de problemas globais cada vez mais difícil – às vezes impossível", disse ainda o líder das Nações Unidas.
Num ano marcado por várias guerras em diversas zonas geográficas, o ex-primeiro-ministro português afirmou que o mundo viu "nos últimos meses um renascimento da diplomacia", que "ajudou a afastar da rutura vários conflitos".
"Mesmo na guerra brutal na Ucrânia, vimos o poder da diplomacia determinada e discreta para ajudar as pessoas e enfrentar níveis sem precedentes de insegurança alimentar global", frisou, mostrando-se esperançoso quanto à resolução de conflitos.