Em 2022, o número de estrangeiros em Portugal era o dobro do registado dez anos antes. Os estrangeiros foram responsáveis por quase 17% dos nascimentos em 2022, sendo que os perto de 800 mil imigrantes a residirem em Portugal representavam 7,5% da população do país. Um número que nada tem de alarmante.
Sem os trabalhadores estrangeiros alguns setores da economia nacional entrariam em colapso – construção civil, hotelaria e restauração, vários trabalhos agrícolas, por exemplo. Em 2022 os estrangeiros contribuíram com 1861 milhões de euros para a Segurança Social e só beneficiaram de cerca de 257 mil euros. No total, os estrangeiros representaram 13,5% dos contribuintes do sistema português de segurança social.
Esta é a face positiva da moeda. Na outra face, temos que a taxa de desemprego dos imigrantes é mais do dobro da taxa nacional. A maioria dos imigrantes executa trabalhos precários, de maior risco, geralmente mal pagos.
Os imigrantes menos bem pagos são nepaleses, bengaleses (do Bangladesh), tailandeses, guineenses, são-tomenses, paquistaneses, cabo-verdianos e indianos. É sobretudo entre imigrantes de origem asiática que ocorrem tenebrosos casos de exploração, próximos da escravatura. Essa, sim, é uma situação alarmante.
Os contratos de trabalho sem termo certo não abundam entre imigrantes. De tudo isto resulta que um em cada três imigrantes em Portugal vive em risco de pobreza. Alguns contribuem para o crescimento do número dos sem abrigo.
Ora uma política de imigração tem de olhar, também, para este lado muito negativo, que nos envergonha. É um problema que não pode ser ultrapassado apenas com repressão policial. Os partidos que apelam ao nosso voto em 10 de março próximo têm obrigação de nos dizer o que pretendem fazer em matéria de imigração.