Há utentes que estão a recorrer a hospitais fora da área de residência. Porquê?
Ora, por engano, ora por receio. Isto porque a reorganização das urgências tem criado confusão entre os utentes que optam por dirigir-se aos hospitais centrais, porque receiam que as urgências da sua área de residência estejam fechadas.
Mas este é um problema que afeta também quem opera as ambulâncias, que, muitas vezes, não sabem para onde se dirigir e, por engano, acabam por transportar os doentes para os maiores hospitais.
E onde é que são sentidos os maiores constrangimentos?
Há vários problemas, por exemplo, a norte. No Porto e em Gaia, os principais referem à agência Lusa que têm recebido utentes de outras unidades da região, quando, na verdade, o mapa das urgências da Direção Executiva do SNS garantia estarem, naquela altura, a funcionar.
Então, isso significa que as pessoas estão mal informadas sobre os serviços que estão, efetivamente, a funcionar?
Aparentemente, sim. E essa é, de resto, uma denúncia feita pelo Bastonário da Ordem dos Médicos. Carlos Cortes diz que há vários hospitais que não estão a dar informação correta às populações sobre constrangimentos dos diversos serviços. Assim como dos picos de afluência. E por isso o bastonário pede transparência ao Governo e às administrações hospitalares - que acusa de não estarem a ter uma atitude responsável.
E tudo isto num quadro em que se mantêm os constrangimentos em muitos hospitais...
Sim, são 37 as unidades de saúde em todo o país, com urgências de várias especialidades a funcionar, esta semana, com limitações. Por exemplo, em Évora, até ao meio dia há constrangimentos em Cirurgia Geral e Medicina, que está a receber apenas os doentes que forem encaminhados pelo INEM. Tudo isto está a provocar picos de procura em diversas unidades. Só na sexta-feira, mais de 470 casos foram registados na Urgência Central do Hospital de Santa Maria em Lisboa - o número mais elevado desde o início de outubro.
Mas quando é que tudo vai voltar ao normal?
Aparentemente quando médicos e governo chegarem a acordo. E, esta semana, na quinta-feira, há nova ronda de negociações do ministro Manuel Pizarro com os sindicatos. Amanhã, é a vez do secretário de Estado da Saúde receber os representantes dos médicos, para uma reunião técnica. Falta saber se haverá esse acordo que terminará com o protesto dos clínicos, que se recusam a fazer mais horas extraordinárias, além das previstas por lei.