A secretária-geral adjunta do PS acusou o líder do PSD de prestar "um mau serviço à democracia" por causa de declarações proferidas por Rui Rio sobre nomeações de familiares de titulares de cargos políticos.
"Ou há um problema e temos que o encarar, e a sede própria é Comissão de Transparência no parlamento, ou não há um problema e Rui Rio presta um mau serviço à democracia e um ótimo tributo ao populismo do pior que existe por esta Europa fora", afirmou Ana Catarina Mendes, em declarações à agência Lusa.
O presidente do PSD, Rui Rio, defendeu ser "muito difícil, se não impossível", criar uma lei para limitar um "problema ético" como as nomeações de familiares de titulares de cargos políticos, sublinhando que tentar fazê-lo em clima pré-eleitoral "é perigoso".
Falando à entrada para as jornadas autárquicas do PSD/Porto, Rui Rio disse ainda que "quando a ética falha em ditadura não há solução possível", mas "quando a ética falha em democracia há sempre eleições", em que "o povo faz uma avaliação do desempenho do Governo".
Para Ana Catarina Mendes, Rui Rio "não quer, de facto, discutir as questões essenciais, quer discutir a espuma dos dias e quer uma agenda coberta de meias verdades, talvez porque não tenha projeto político".
"Se ela [a questão das nomeações] chega a dois meses das eleições europeias e as seis meses das eleições legislativas, é evidente que tem escondida a intenção de não fazer uma campanha pelas propostas políticas, mas uma campanha feia e feita de meias verdades", disse.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, defendeu na Assembleia da República que deve ser debatido e definido um "critério claro e uniforme" quanto às limitações dos direitos dos familiares de titulares de cargos políticos, que valha para o atual e para futuros governos, sugerindo que tal pode ser feito na Comissão parlamentar da Transparência.
A decisão surge no seguimento da demissão do secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, depois de ter sido noticiado que nomeou o primo Armindo Alves para adjunto do gabinete, um caso que se junta a notícias recentes sobre a existência de várias relações familiares no atual executivo.
Na sexta-feira, o Presidente da República admitiu que como, "porventura, a ética não chega", será necessário mudar a lei para limitar as nomeações de familiares de titulares de cargos políticos e de familiares dos seus colaboradores.