Rui Moreira admitiu que "foi incauto e era melhor não ter assinado" a procuração do Caso Selminho, em 2013, depois de ter tomado posse enquanto presidente da Câmara Municipal do Porto.
O autarca respondeu às questões da juíza responsável pelo processo, do procurador do Ministério Público e do seu advogado de defesa.
Apesar de assumir, com base "no que sabe hoje", que a assinatura da procuração foi errada, Rui Moreira considera que, mesmo que tivesse indicado outra pessoa para assinar, "haveria quem acusasse" do mesmo, de qualquer das formas.
O presidente da CM Porto voltou a indicar que, na época, teve "dúvidas se devia assinar ou não" e que procurou o aconselhamento do então chefe de gabinete do executivo, Azeredo Lopes.
"O professor Azeredo Lopes disse que eu deveria assinar a procuração", explicou, mais uma vez.
Rui Moreira disse ainda que a elaboração e o conteúdo da procuração não era da sua competência.
"Aquilo vem dos serviços jurídicos da Câmara. São eles que preparam. Nunca falei com o advogado escolhido para representar o município. Não o conheço, nem nunca lhe dei alguma instrução", reitera.
Oito meses depois, o autarca afirma que foi "alertado" pela diretora municipal da presidência, Raquel Maia, que era "conveniente declarar impedimento" na gestão do processo da Selminho.
"Trouxe-me um documento e assinei. Foi a minha última intervenção neste processo".
"A minha ligação com a Selminho foi sempre indireta"
Rui Moreira defendeu na mesma audiência não ter tido qualquer envolvimento direto com a Selminho ou o processo de compra dos terrenos.
"A minha relação com a Selminho foi sempre indireta. Não era sócio da Selminho, era sócio da holding familiar, até 2008", esclarece.
O atual presidente da Câmara do Porto disse que nunca esteve a par de detalhes do processo, nem antes de assumir funções, nem depois.
"Por conhecimento familiar, estava ciente do problema. Era conhecimento normal de uma família que se encontra. Era conhecimento genérico. Nunca conversei com os meus irmãos sobre o processo da Selminho depois de me ter tornado presidente", diz.
"Não tenho interesses imobiliários desde o início do século", acrescentou, mais tarde.
À saída, Rui Moreira não quis prestar declarações à imprensa – só "fala no fim".
Mas foi recebido em euforia por uma popular, que lhe manifestou o apoio e lhe deu um abraço.
Esta tarde, as audiências prosseguem e serão ouvidos outras partes do processo. É esperado que Rui Moreira esteja presente, mas não preste mais declarações, nesta fase.