O número de pessoas abaixo do limiar da pobreza irá crescer, e muito, em Portugal quando desaparecerem por exemplo as "almofadas" do lay-off e das moratórias de crédito, alerta a presidente da Cáritas.
Rita Valadas reage, em declarações à Renascença, ao estudo da Universidade Católica, segundo o qual 400 mil pessoas caíram abaixo do limiar da pobreza em Portugal devido à crise provocada pela pandemia.
A presidente da Cáritas destaca "a redução do rendimento mesmo abaixo do limiar da pobreza" e a perda do rendimento anual na ordem dos 27%.
"São os grupos mais frágeis e vulneráveis. Esta crise que era, aparentemente, democrática, porque atingia todos, é uma questão de saúde, tem reflexos claramente assimétricos e aprofunda as desigualdades", alerta Rita Valadas.
A responsável considera que a pandemia veio colocar mais dificuldades ao combate à pobreza estrutural.
"Isto foi ainda almofadado pelas medidas criadas pelo Governo. Nós tememos o retorno à realidade, que é o momento em que cada uma destas medidas vai sendo desinvestida. Já sabíamos que isto ia acontecer e, a menos que haja uma retoma económica muito forte, que permita que alguns desempregados encontrem emprego, um meio de subsistência alternativo que lhes permita o equilíbrio, vai ser muito difícil. Se aparentemente ainda existem mais situações destas que estão a ser apoiadas pelos lay-offs e pelas moratórias, este número ainda pode ser muito aquém daquilo que nós vamos ter", admite a presidente da Cáritas.