No passado fim de semana, assistiu-se a uma corrida para abastecer o carro. Houve postos onde o gasóleo e a gasolina chegaram a esgotar, porque a partir desta segunda-feira há um novo aumento.
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, há 12 dias, os preços do petróleo dispararam: o barril de brent – que serve de referência para a Europa - já chegou, nas últimas horas, aos 139 dólares. É o valor mais elevado em quase 14 anos, embora tenha aliviado e há pouco estivesse à volta dos 130. Os analistas consideram que a escalada não parou e até admitem já que pode vir a aproximar-se dos 150 dólares, por causa do impacto da guerra na Ucrânia.
E as perspetivas não são boas, porque a Rússia não dá sinais de recuar. Os Estados Unidos já admitem proibir as importações de combustíveis da Rússia, o que poderia ter um impacto ainda mais negativo na economia russa, mas também no Ocidente.
Aumento histórico
Embora o aumento não seja igual em todos os postos de abastecimento, é o mais alto de que há memória numa única semana: em média, o litro de gasóleo deve ficar mais caro cerca de 14 cêntimos e na gasolina o aumento deve ser entre 8 e 10 cêntimos.
Isto quer dizer que o valor médio cobrado nas bombas deve passar a ser 1,93 por litro de gasolina e 1,87 euros o litro do gasóleo.
Somam-se aos aumentos que já vinham de trás
Desde o início do ano, e de acordo com a contas feitas pelo Jornal de Negócios, o custo do gasóleo aumentou 25% e o da gasolina 16%. Comparando os valores praticados na última semana de dezembro com aqueles que vão ser cobrados a partir desta segunda-feira, quem atestar um depósito com cerca de 50 litros de gasóleo vai pagar mais cerca de 18 euros.
Governo avança medidas para tentar reduzir o impacto desta escalada
Embora muitos considerem que o que seria necessário era a descida do imposto sobre produtos petrolíferos (ISP), o Governo rejeita essa possibilidade.
Em contrapartida, a partir desta segunda-feira, o benefício no AUTOvoucher aumenta de 5 para 20 euros. Até aqui, os consumidores recebiam um reembolso de 10 cêntimos por litro até ao limite de 50 litros por mês, o que dava um desconto de 5 euros. Agora, esse valor passa para 20 euros por mês.
Outra boa notícia é que quem atestou o depósito nos primeiros dias deste mês de março (e já beneficiou do desconto de 5 euros) agora vai receber a diferença, ou seja, vão ser-lhe creditados mais 15 euros na conta.
Temos de estar registados no IVAucher?
É obrigatório. E ainda há muita gente que não está registada. De acordo com o Ministério das Finanças, a plataforma IVAucher tem neste momento um milhão e 600 mil beneficiários.
No fim de semana que passou, registou-se uma grande afluência ao site e houve constrangimentos. Mas ainda se pode inscrever. Terá sempre direito ao reembolso de 20 euros neste mês de março.
Há outras medidas?
Sim. Além do aumento do benefício do AUTOvoucher, o Governo decidiu prolongar a devolução do ganho extra de IVA com o ISP, o imposto sobre os produtos petrolíferos, até ao final de junho, o que representa um alívio de 2 cêntimos no ISP da gasolina e de um cêntimo no do gasóleo.
Além disso, o agravamento da taxa de carbono também será congelado até 30 de junho.
E também há medidas para as empresas de transportes?
Os táxis e autocarros já beneficiavam de um sistema semelhante ao do AUTOvoucher, que agora é alargado por mais três meses e o desconto é aumentado para 30 cêntimos por litro.
Na prática, para os táxis, isto significa uma poupança adicional de 342 euros, e para os autocarros mais 1.890 euros.
Também já tinha sido anunciado que o gasóleo profissional (que prevê a redução do imposto petrolífero para o nível praticado em Espanha) será alargado às empresas de transporte coletivo de passageiros. Até agora, só o transporte pesado de mercadorias beneficiava desta medida.
Os transportes TVDE, como os 'Uber', também têm benefícios?
Não, porque não prestam serviço público. Mas poderão eventualmente aceder ao pacote de medidas que deverá ser aprovado na próxima semana para as empresas.
O ministro do Ambiente diz, nesta segunda-feira, ao Jornal de Negócios que está muito preocupado com as empresas que dependem do gás natural, que também disparou, e que não têm alternativa. É o caso das indústrias do vidro, do papel e dos têxteis. João Matos Fernandes promete um pacote dirigido às empresas, que será anunciado na próxima semana.