Os cristãos da Índia temem um aumento da perseguição religiosa na época do Natal, citando como exemplo recente a detenção de um grupo de 32 seminaristas no estado de Madhya Pradesh, acusados de conversão forçada de um hindu.
Os seminaristas estavam numa aldeia rural a cantar cânticos tradicionais de Natal, porta a porta, como é tradição em muitas comunidades cristãs, quando foram detidos. Foram levados para a esquadra local e quando um sacerdote foi averiguar o que se tinha passado o carro do seminário foi incendiado por populares.
Um homem alegou mais tarde que um padre que acompanhava o grupo tinha-lhe pago o valor de 66 euros para se converter e que o tinha baptizado numa piscina próxima.
Embora o baptismo por imersão completa, em piscinas, seja prática comum entre algumas comunidades evangélicas, por regra na Igreja Católica baptiza-se por aspersão, isto é, deitando apenas um pouco de água por cima da cabeça.
Apesar de, entretanto, se ter revelado que o homem em causa pertence a um grupo extremista hindu, as acusações contra o padre mantêm-se. Os seminaristas foram libertados e o seu caso arquivado após intervenção do Governo central.
Este é apenas um de entre muitos casos de perseguição que se abatem sobre cristãos e membros de outras minorias religiosas na Índia e que têm aumentado. A.C. Michael, responsável pelo grupo United Christian Forum, diz que se espera ainda um aumento de situações de perseguição. “Tememos pelo Natal deste ano. Prevemos mais violência e assédio anti-cristão. A constituição indiana garante a todos os cidadãos a liberdade de praticar e propagar a religião. Mas a detenção de 32 seminaristas pela simples razão de estarem a entoar cânticos de Natal viola este direito básico.”
A United Christian Forum opera uma linha telefónica grátis que já registou, só em 2017, 216 queixas de perseguição religiosa. “A violência contra as minorias religiosas tornou-se uma rotina diária nalgumas partes da Índia”, afirma a A.C. Michael.