Israel responsabilizou quinta-feira a Organização das Nações Unidas (ONU) pela não distribuição na Faixa de Gaza da ajuda humanitária que chegou em 500 camiões há 72 horas, depois de a entidade a ter criticado pelas mesmas razões.
"É o terceiro dia consecutivo em que centenas de camiões não distribuem a carga, a ONU precisa de alargar as suas operações", disse a COGAT, uma instituição israelita que coordena os assuntos civis nos territórios palestinianos ocupados, na rede social X.
A publicação foi acompanhada de fotografias que, segundo a COGAT, mostram "o conteúdo de 500 camiões de ajuda humanitária no lado da Faixa de Gaza" da passagem fronteiriça de Kerem Shalom, "depois da inspeção israelita, à espera de ser recolhida e distribuída pelas organizações da ONU".
A ONU e vários Estados têm criticado Israel por dificultar - impedir ou atrasar - a entrega da ajuda humanitária na devastada Faixa de Gaza, cujos mais de dois milhões de habitantes, na sua maioria deslocados pelas operações israelitas, enfrentam uma crise humanitária sem precedentes, que inclui o colapso de hospitais, a irrupção de epidemias e a escassez de água potável a níveis que roçam a fome.
Esta semana, Israel impediu as saídas de farinha e ajuda alimentar destinadas à agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) na Faixa de Gaza, que tinha chegado à cidade israelita de Ashdod.
"Decidi não transferir os envios de farinha destinados à UNRWA na Faixa de Gaza e, em coordenação com o primeiro-ministro, examinar outro mecanismo de distribuição para que não termine nas mãos do Hamas", anunciou esta semana, também na X, o ministro israelita das Finanças, o extremista de direita Bezalel Smotrich.
A ONU está a denunciar, desde o início de fevereiro, o bloqueio da ajuda no porto de Ashdod, onde, tal como acontece na passagem fronteiriça de Kerem Shalom, israelitas de extrema-direita se têm concentrado para impedir a saída de camiões com destino à Faixa de Gaza, a 30 quilómetros de distância.
Segundo o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, mais de mil contentores, em grande parte com farinha, mas também com azeite, grão, açúcar ou arroz, estão agora bloqueados no porto de Ashdod, por Israel.
No final de janeiro, Israel acusou uma dezena de membros da UNRWA de participação no ataque do Hamas contra território israelita em 07 de outubro, que causou 1.20 mortos e desencadeou a presente guerra.