A Direção do Benfica informou, esta sexta-feira, que se opõe oficialmente à entrada do empresário norte-americano John Textor na SAD.
Em comunicado emitido no site oficial, a Direção do Benfica revela que "desconhecia em absoluto a existência de negociações" para a compra de 25% da SAD entre o acionista privado José António dos Santos, também conhecido como "Rei dos Frangos" e um dos arguidos no âmbito da operação "cartão vermelho", e John Textor. Só terá tomado conhecimento desse acordo, "cujo conteúdo desconhece", aquando do seu anúncio.
O Benfica lembra, nesse sentido, que, como detentor de ações de Categoria A no capital da SAD, pode, em determinadas circunstâncias, "nomeadamente se estiver em causa a aquisição de uma participação qualificada por entidade concorrente, vetar essa aquisição".
John Textor invoca que a compra de 25% do capital da SAD depende de aprovação prévia em assembleia geral (AG) com voto favorável do clube. Assim, a Direção do Benfica "declara considerar inoportuna esta operação, pelo que à mesma se oporá, no exercício dos seus direitos e deveres", caso venha a ser sujeita a deliberação em AG da SAD.
"Neste contexto, a Direção do Sport Lisboa e Benfica esclarece ainda que considera inoportuno receber, de maneira formal ou informal, o Sr. John Textor nesta altura", pode ler-se no referido comunicado.
Acordo pode ser frustado
Na terça-feira, em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Benfica SAD informou que José António dos Santos tem um acordo para vender 25% do capital social da sociedade encarnada ao empresário norte-americano John Textor.
A Benfica SAD recebera um comunicado de Textor e uma carta do "Rei dos Frangos" atestando a existência do acordo de venda feito.
Segundo a CMVM, José António dos Santos já terá recebido, a título de adiantamento, um milhão de euros do total de 50 milhões respeitantes à venda de um quarto das ações da Benfica SAD a John Textor. O investidor teria de transferir os restantes 49 milhões de euros até 15 de setembro.
Na passada segunda-feira, a CMVM revelou ter apurado a existência de contratos referentes à transmissão de ações que não tinham sido "dadas a conhecer ao mercado", por parte de José António dos Santos. Um deles era relativo à venda de 25% do capital da Benfica SAD a John Textor.
Operação "cartão vermelho"
José António dos Santos é um de quatro arguidos da operação "cartão vermelho", que investiga suspeitas de vários esquemas de fraude que causaram prejuízos à SAD do Benfica, ao Novo Banco e ao Estado português, através de impostos não cobrados e injeções de capitais públicos no Novo Banco e de financiamento ao Fundo de Resolução. Financiamentos suscetíveis de configurar "crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento".
Também são arguidos Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica (demitiu-se na quinta-feira), Tiago Vieira, o filho, e o agente de futebol Bruno Macedo. A investigação que levou a estas detenções envolve financiamentos e negócios que superam os 100 milhões de euros.