Mais de 300 jornalistas de todo o país já angariaram mais de 10 mil euros e ajudaram 37 dos precários do Global Media Group (GMG), que continuam sem receber os pagamentos referentes ao mês de outubro.
“Graças ao contributo de 308 pessoas, 37 dos nossos camaradas do Global Media Group (GMG) tiveram algum conforto neste Natal e vão enfrentar o fim do mês com a serenidade de quem sabe que pode, embora com dificuldades, cumprir os compromissos mais urgentes, mesmo não tendo recebido da empresa os pagamentos que lhe são devidos”, lê-se no comunicado assinado pelos representantes dos trabalhadores Ana Luísa Magalhães, Augusto Correia, Ivete Carneiro e Rita Salcedas.
Segundo a nota, enviada à Renascença “dezenas de recibos verdes do GMG, entre jornalistas e técnicos, estão sem receber os pagamentos correspondentes ao mês de outubro, que deveriam ter sido pagos até 10 de dezembro”.
“Já não basta terem de esperar, no mínimo, 40 dias para receber, como tem sido norma nos últimos anos, como, este mês, já vão quase em 60 dias de atraso. Dado o silêncio da administração, que não foi capaz de providenciar os pagamentos, dezenas de pessoas não sabem, sequer, quando vão ser pagos pelo trabalho feito há três meses, e do qual já foram chamados a pagar contribuições e impostos”, assinalam os representantes dos trabalhadores.
A nota refere ainda que “os jornalistas dos quadros do GMG, mesmo não tendo recebido o Subsídio de Natal, organizaram-se numa recolha de fundos para ajudar os camaradas em maiores dificuldades”.
“O que começou como um movimento interno, nascido na redação do ‘Jornal de Notícias’, extravasou para o GMG e para a Comunicação Social em geral, gerando um movimento de solidariedade e de união entre a classe jornalística de que não há memória”, refere o documento.
De acordo com a informação disponibilizada, em quatro dias, foram angariados 10.615 euros, fruto de 308 donativos, que permitiram ajudar 37 dos mais carenciados colaboradores a recibos verdes no GMG, entre pessoas do Jornal de Notícias, da TSF, da Global Imagens, do desportivo O Jogo e das várias revistas do grupo.
“Uns compraram azeite, outros puderam meter combustível no carro para ir trabalhar ou pagar contas que estavam a ficar atrasadas”, lê-se na nota.
Conta solitária para acolher donativos
Segundo os representantes dos trabalhadores da GMG, entre os mais de 300 contributos há jornalistas de todos os órgãos do GMG e pessoas de todo o país, dos jornais à rádio e à televisão, e até uma contribuição de um guineense.
“A todos os que contribuíram, um grande muito obrigado; pela solidariedade e pela demonstração de união na classe jornalística, certamente atenta aos desafios e perigos que nos rodeiam a todos”, lê-se na nota.
Esta quarta-feira foi aberta uma conta bancária solidária, onde foi depositado o remanescente dos donativos recebidos até agora, 1.365 euros, para acolher donativos a favor dos trabalhadores do GMG. Quem quiser contribuir deve então utilizar o IBAN: PT50 0035 0196 00030765 530 73.
“Porque apesar da necessidade, há camaradas que se escondem, envergonhados por precisarem da ajuda de outros jornalistas para terem um mínimo de conforto nesta quadra, quando quem lhes está a falhar é a empresa”, conclui a nota.
No dia 6 de dezembro, em comunicado interno, a Comissão Executiva da GMG, liderada por José Paulo Fafe, anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar "a mais do que previsível falência do grupo".
A Administração do Global Media Group (GMG) abriu um programa de rescisões por mútuo acordo, para trabalhadores até 61 anos, com contrato sem termo, sendo que as compensações serão divididas por 18 meses, segundo um comunicado interno, divulgado em 11 de dezembro.