Horas depois de um par de impostores ter passado pela Web Summit para anunciar uma alegada parceria entre o DJ Marshmellow e a Adidas, subia a outro palco da Web Summit Liudas Kanapienis, CEO da Ondato, para falar sobre fraude de identidade.
Como fundador de uma empresa que auxilia outras companhias a garantir a identidade das pessoas com quem fazem negócios e assegurar que não há lavagem de dinheiro (as siglas KYC e AML são, talvez, mais complexas de explicar), Kanapienis foca-se em "estudar comportamento" e dados para "detetar fraude".
Curiosamente, e numa conversa sobre o papel da Inteligência Artificial (IA) nestas lides, escolheu focar-se no caminho contrário ao habitual e salientar que esta tecnologia "também está a ser usada", não para fingir ser alguém que não se é online, mas para "criar documentação" que permita a uma pessoa "ser quem ela quiser" no mundo real.
Para Liudas, o crime está "mais sofisticado" e a chamada "engenharia social" melhorou: os chatbots que tentam passar-se por pessoas já não "dão tantos erros gramaticais" e até as imagens podem enganar os nossos sentidos, por exemplo, durante um vídeo em direto. "Agora podes achar que estás a falar com a alguém no Skype e não ser bem assim", admite.
As ferramentas que utiliza, assegura, conseguem detetar estas "pessoas falsas" rapidamente, mesmo em "livestreaming" mas, à medida que a tecnologia evolui, evoluem também as aplicações - boas ou más - que possibilita. "A IA está na moda. Agora, muitos negócios integram AI nos seus processos, nem que seja para mandar emails. Estamos a investigar algumas coisas que, se singrarem, vão ser revolucionárias", indica.
Sem levantar, no entanto, muito o véu, acrescenta que há algo que ainda vai dar muito que falar. "A tecnologia de agora é orientada para a ação. A próxima geração será conduzida através de conversas reais". O que quer isto dizer? A tecnologia irá interagir com o utilizador de forma personalizada, como se de uma conversa natural se tratasse, sem que o mesmo tenha de efetuar nenhuma ação.
Mas... devemos estar preocupados, especialmente pela possibilidade da tecnologia mais avançada ser utilizada, por exemplo, numa guerra? Liudas acredita que não. "Não precisamos de estar preocupados com isso, porque os militares já usam estas tecnologias há muito tempo. Se fosse para estarmos preocupados já devíamos ter estado há 20 anos", admite.