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O primeiro-ministro defendeu hoje a instalação de uma plataforma científica nos Açores, que possa envolver a base aérea das Lajes, na ilha Terceira. António Costa ainda não desistiu de negociar com os Estados Unidos, mas também há "contactos abertos" com a China.
"Da mesma forma que estamos abertos a trabalhar com americanos, com ingleses, com franceses, com alemães, também estamos abertos a trabalhar com chineses. A nossa relação com os investidores chineses não pode ser só que venham cá adquirir activos que já existem sem acrescentar nada ou simplesmente escoar património imobiliário que está nos activos dos bancos à espera de ser escoado", afirmou António Costa no debate quinzenal no Parlamento.
“Há um novo patamar de relacionamento com a China que temos que construir e que é útil, reciprocamente, construir e isso é a semente deitada à terra e cá estaremos nos próximos anos para a poder colher.”
O primeiro-ministro, recém-chegado de uma visita de Estado à China, respondia à líder do CDS-PP, que o questionou sobre o "conhecido interesse da China em instalar-se no Atlântico num quadro de investigação científica em Portugal".
"Há alguma proposta concreta em cima da mesa colocada por parte dos chineses? Como é que os americanos estão neste filme? Eles próprios têm alguma proposta? Também me recordo de ter ouvido falar da transformação da presença americana numa forte componente de investimento da ciência, ligado ao mar e à atmosfera", interrogou Assunção Cristas.
O primeiro-ministro respondeu que tem afirmado "em Lisboa, nos Açores, em Washington e em Pequim" a mesma mensagem, de que Portugal não desiste de "negociar com as autoridades americanas e aguardamos uma avaliação final sobre a utilização da base das Lajes".
"É uma infra-estrutura que não pode ser desperdiçada e tem de ser utilizada. Os Açores são um centro de excelência para a investigação científica sobre mar profundo, sobre as alterações climáticas, sobre a vulcanologia e temos desenvolvido contactos abertos com todas as instituições ao nível mundial e desde logo com a comunidade científica nacional para que ali possa existir uma plataforma de investigação científica", afirmou.
Assunção Cristas perguntou ainda a António Costa o que disse aos responsáveis chineses "sobre vistos 'gold' e sobre um programa de atracção de investimento que desdenhava em 2014", referindo que "em 2015 defendia criação de fundo de capitalização para as empresas serem financiadas através vistos 'gold'".
Na resposta, António Costa sugeriu que a líder do CDS falasse com o seu antecessor, o também ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas: "Ele poderá relatar como a revisão da legislação dos vistos 'gold' foi feita já estava eu na liderança do PS com a minha concordância e através da deputada Ana Catarina Mendes e isso poupava-a a fazer perguntas que não têm a menor razão de ser".
"Sobre o fundo de capitalização, foi o que pude dizer na China: vai haver esse fundo de capitalização para que o investimento permitido pelos vistos 'gold' não seja consumido unicamente e exclusivamente no escoamento do património imobiliário, mas possa ser aplicado a empresas produtivas que precisam de ser capitalizadas", acrescentou.
O primeiro-ministro português, António Costa, admitiu na quarta-feira em Macau que a base aérea das Lajes pode ser usada pela China se os Estados Unidos não renovarem o acordo de exclusividade, mas apenas para fins científicos e não militares.
"Temos um acordo com os Estados Unidos, e queremos continuar com esse acordo, mas respeitamos a decisão" dos norte-americanos, disse António Costa numa entrevista difundida pela agência de informação financeira Bloomberg.
"A base nos Açores é muito importante em termos militares, mas também em termos de logística e tecnologia e pesquisa nas águas profundas e de alterações climáticas", disse António Costa.