A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, iniciou esta terça-feira uma polémica visita a Taiwan, apesar das pressões e protestos da China.
O avião que transportou Nancy Pelosi aterrou em Taipé pelas 15h45 (hora de Portugal continental). A visita era uma possibilidade, mas ainda não tinha sido confirmada oficialmente.
“A nossa visita é uma de várias delegações do Congresso a Taiwan e, de forma alguma, contraria a política de longa data dos Estados Unidos, guiada pela Lei de Relações de Taiwan de 1979”, escreveu no Twitter a presidente da Câmara dos Representantes.
Pelosi afirma que "a visita da nossa delegação a Taiwan honra o compromisso inabalável da América em apoiar a democracia vibrante de Taiwan”.
“As nossas discussões com a liderança de Taiwan reafirmam nosso apoio ao nosso parceiro e promovem os nossos interesses compartilhados, incluindo o avanço de uma região do Indo-Pacífico livre e aberta”, sublinha.
Ao viajar para Taiwan, Pelosi diz que está a honrar o compromisso dos EUA "com a democracia: reafirmando que as liberdades de Taiwan — e de todas as democracias — devem ser respeitadas.”
A visita a Taiwan acontece no âmbito de uma digressão asiática da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.
"Visita infringe gravemente a soberania da China"
Num comunicado divulgado após a chegada de Nancy Pelosi a Taiwan, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China considera que a soberania do país foi atingida.
“Esta é uma violação grave do princípio de uma só China e das disposições dos três comunicados conjuntos China-EUA. Tem um impacto severo na base política das relações China-EUA e infringe gravemente a soberania e a integridade territorial da China”, lamenta o Governo de Pequim.
A visita de Pelosi "mina gravemente a paz e a estabilidade em todo o Estreito de Taiwan e envia um sinal seriamente errado às forças separatistas para a 'independência de Taiwan'", sustenta a diplomacia chinesa.
"A China opõe-se firmemente e condena severamente isso, e fez sérias diligências e fortes protestos aos Estados Unidos", anuncia o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.
Caças chineses sobrevoaram nas últimas horas o espaço aéreo do estreito de Taiwan, em sinal de protesto contra a viagem de Nancy Pelosi, de acordo com a imprensa internacional.
Perante a possibilidade de a visita acontecer, o Governo da China já tinha avisado os Estados Unidos e afirmou que Washington vai ter de "pagar o preço" pela deslocação de Nancy Pelosi.
“Os Estados Unidos vão certamente arcar com a responsabilidade (consequências) e vão ter que pagar o preço pelo ataque à soberania e segurança da China", afirmou Hua Chunying, porta-voz da diplomacia da República Popular da China em conferência de imprensa.
A Casa Branca já avisou a China para uma reação excessiva à deslocação de Pelosi ao território reivindicado pelo Governo de Pequim.
A Administração Biden considera que a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos tem todo o direito a visitar Taiwan, apesar de a China encarar este ato como uma provocação.
Pequim considera a ilha "província rebelde" que deve ser reunificada, criticando fortemente qualquer alto responsável político estrangeiro que visita Taipé.
O Governo do Partido Comunista Chinês reclama a soberania da ilha desde que os nacionalistas do Kuomintang liderados por Chiang Kai-shek foram derrotados pelas forças comunistas chefiadas por Mao Tsé-Tung durante a guerra civil na segunda metade da década de 1940.
Os 23 milhões de habitantes da República da China vivem sob as ameaças constantes de Pequim porque o chefe de Estado da República Popular da China, Xi Jinping, fez da "reunificação" uma prioridade.