O ex-deputado social-democrata Sérgio Azevedo lamentou esta quinta-feira as notícias que o envolvem numa investigação judicial sobre alegada troca de favores entre PS e PSD em Lisboa, classificando-as de assassínio de caráter sem direito de defesa.
"Como cidadão tenho apenas a lamentar que existam assassinatos de caráter, que são intoleráveis num Estado de Direito", escreveu o ex-deputado do PSD na sua conta no Facebook, reagindo à reportagem da TVI/CNN sobre uma alegada troca de favores entre PS e PSD na preparação das listas para as eleições autárquicas de 2017, de forma a garantir a manutenção de certas freguesias lisboetas -- suspeitas investigadas na operação Tutti Frutti.
Sérgio Azevedo diz ter sido visado nos últimos sete anos em notícias sobre o referido processo, relativamente ao qual nunca foi chamado a prestar qualquer esclarecimento, "nem como testemunha e muito menos como arguido".
"Estas notícias representam um prejuízo pessoal, profissional e familiar muito grave apenas superado com a presença e ajuda da minha família e de alguns amigos, aos quais estarei profundamente grato", escreveu.
O antigo deputado acrescentou que "em momento algum" teve "direito ao mais elementar contraditório", já que nada lhe foi pedido ou solicitado. "Infelizmente, e sem poder exercer esse direito, não posso esclarecer aquilo de que só tenho conhecimento por terceiros", lamentou.
Depois de lembrar que deixou a vida política em 2019, "por opção pessoal", Sérgio Azevedo prometeu que fará a sua defesa no local próprio, os tribunais.
"Não deixarei de exercer o meu direito a defender o meu bom nome e a minha dignidade, porém não o farei na praça pública, mas nos tribunais, pois acredito no estado de direito que sempre defendi", assegurou.
A finalizar, o deputado negou estar "em paradeiro incerto", como foi descrito na reportagem, pois vive "na mesma cidade, na mesma freguesia, na mesma casa de sempre", além de ter "o mesmo número de telemóvel", exercer a sua profissão de "todos os dias" e andar também diariamente em transportes públicos.
"Só não me encontra quem verdadeiramente não me quer encontrar", concluiu o antigo deputado social-democrata.
A reportagem da TVI/CNN, que cita uma investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária, envolve Sérgio Azevedo e também o atual deputado do PSD Carlos Eduardo Reis, bem como os atuais ministros das Finanças e do Ambiente, Fernando Medina e Duarte Cordeiro, por alegadas ações praticadas no tempo que em estavam na Câmara de Lisboa.
As notícias levaram Carlos Eduardo Reis a mostrar-se indisponível para ser o “idiota útil” do partido para que se possam derrubar dois ministros e haver eleições antecipadas, numa posição assumida na reunião de hoje do Grupo Parlamentar do PSD.
A investigação inclui vários e-mails “com relevância criminal”, segundo uma inspetora da PJ num relatório do processo Tutti Frutti, sublinhando a existência de "acordos políticos entre Sérgio Azevedo (do PSD), Duarte Cordeiro e Fernando Medina (do PS)” para a atribuição de avenças e a colocação de pessoas “em posições estratégias” nas eleições autárquicas de 2017.
É ainda referida a "emissão de faturas falsas e acordos com responsáveis do PS para a adjudicação de contratos públicos a empresas” assim como uma “cunha” pedida por Luís Filipe Vieira – presidente do Benfica até 2021 – para que um imóvel do filho tivesse isenção do IMI.