O português Gonçalo Almeida, novo juiz da FIFA, teme que o fenómeno árabe das contratações milionárias contribua para as “más práticas”.
Em declarações a Bola Branca, o recém-nomeado para a Câmara de Agentes do organismo que tutela o futebol mundial prevê que, "a médio prazo", casos como o da Arábia Saudita vão replicar-se.
"É já uma realidade que a que já assistimos no passado, não com esta dimensão, noutras jurisdições. Na década de 90 o Japão, ou nos Estados Unidos no início deste século. É claro que estamos a falar de valores bem mais elevados. Quanto maior for o investimento, também as más práticas acabam por se associar", refere.
Gonçalo Almeida acredita que a Câmara de Agentes, "aliada a todos os órgãos da FIFA", terá "uma necessidade acrescida de responder a essas más práticas".
Câmara de Agentes preenche vácuo criado pela FIFA
Numa nomeação que "prestigia um pouco a todos" os portugueses, Gonçalo Almeida tornou-se um dos 24 juízes da Câmara dos Agentes, criada para "decidir sobre litígios que envolvam agentes de futebol FIFA e qualquer um dos seus potenciais clientes, que poderão ser jogadores, treinadores, clubes, ligas ou federações".
O novo órgão, e a nova regulamentação, vêm corrigir uma lacuna aberta pela própria FIFA relativamente à profissão de agente de futebol:
"Em 2015, a FIFA retirou-se do terreno, em termos de jurisdição, e o acesso a esta profissão passou a ser liberalizada. Ou seja, a qualquer pessoa bastaria registar-se como intermediário junto da sua federação sem mesmo ter qualquer conhecimento sobre a matéria. Isso conduziu a uma situação que considero caótica e anárquica, e que trouxe imensos problemas e más práticas à indústria do futebol."
Gonçalo Almeida assumiu funções por um período de quatro anos (entre 2023 a 2027).