Emmanuel Macron prometeu neste sábado que, sob a sua liderança, França será "a grande nação ecológica". O Presidente francês falava num comício em Marselha, onde procura ganhar o voto à esquerda para a segunda volta das presidenciais.
Na segunda maior cidade de França, com quase 900 mil habitantes, o candidato falou de ecologia, juventude e medidas sociais, trazendo novas propostas para convencer os mais de 30% de marselheses que deram a vitória neste território a Jean-Luc Mélenchon na primeira volta.
"A política que vou levar a cabo nos próximos cinco anos será dedicada ao ambiente. Quero colocar a ecologia no coração de um novo paradigma político, com o meu próximo primeiro-ministro a ter a responsabilidade direta da planificação ecológica no país", anunciou Emmanuel Macron.
Outras promessas feitas durante a tarde incluíram aviões sem emissões de carbono, comboios movidos a hidrogénio, aposta nas energias renováveis ou mini-reatores nucleares para que a França deixe de recorrer às energias fósseis até 2050, fim do plástico de utilização em cinco anos ou a plantação de 140 mil árvores no país.
"Emmanuel Macron adora Marselha e disse que haverá um verdadeiro investimento na ecologia, nos bairros mais pobres, na renovação das habitações sociais. Nós ganhámos enormemente no mandato de Emmanuel Macron, que cumpriu o seu mandato, e queremos que ele continue", afirmou Reynald Cadoret, franco-português e responsável no departamento de Var, ao lado de Marselha, por esta campanha de Macron.
A escola e o poder de compra também foram abordados no discurso, com o Presidente a defender a criação de 400 mil postos de trabalho para a juventude ligados a setores que beneficiam o ambiente.
Macron tenta convencer os extremos
"A todos os que não votaram em mim na primeira volta, eu respeito-vos, mas não renunciem aos vossos direitos, [...] a esta grande nação ecológica", pediu Mácron em Marselha, cidade onde a primeira volta das presidenciais, realizada a 10 de abril, teve como candidato mais votado Jean-Luc Mélenchon (31,12%), da esquerda radical, votos que o Presidente recandidato pretende captar.
"Este 24 de abril”, a segunda volta, “é um referendo a favor ou contra a União Europeia, a favor ou contra a ecologia, a favor ou contra a juventude, a favor da nossa República e desta nova época", acrescentou, numa alusão à escolha que os eleitores terão no próximo domingo: votar nele ou na candidata da extrema-direita, Marine Le Pen.
No Pharo, um jardim com uma vista panorâmica sob Marselha, Emmanuel Macron reuniu cerca de três mil pessoas para um dos seus comícios mais importantes e para um ajuste de contas com a cidade, já que o anúncio da sua campanha deveria ter-se realizado aqui, mas acabou por realizar-se em Paris devido à guerra na Ucrânia.
Se na primeira volta das eleições Emmanuel Macron hesitou muitas vezes a visar diretamente os outros candidatos, em Marselha, a uma semana da escolha final dos franceses nas urnas e perante um eleitorado que hesita ainda dar-lhe o voto de confiança para um segundo mandato, o Presidente alertou para os perigos da extrema-direita.
"Marine Le Pen criou uma imagem de protetora. As pessoas dizem que votam na Marine e esquecem-se de dizer Le Pen. Ela diz que tem um novo projeto, mas há 30 anos que defende o mesmo projeto", comentou Reynald Cadoret, franco-português e responsável no departamento de Var, ao lado de Marselha, por esta campanha de Emmanuel Macron.
Em todo o país, cruzaram-se, durante este sábado, diferentes manifestações contra a extrema-direita, contra o Presidente e ainda contra a vacinação contra a Covid-19, não só em Paris, mas noutras cidades.
Até dia 24 de abril, data da segunda volta das eleições, Emmanuel Macron e Marine Le Pen estão na estrada para convencer os franceses indecisos. No dia 20 de abril, os dois candidatos vão protagonizar o único debate desta segunda volta das eleições.