Uma nova ronda de negociações entre médicos e Governo terminou esta terça-feira sem acordo, com os dois principais sindicatos de profissionais a prometerem manter as greves convocadas para outubro e novembro.
Em declarações aos jornalistas no final da reunião, a presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) anunciou uma nova greve. “Vamos também decretar greve nos dias 17 e 18 de outubro”, declarou Joana Bordalo e Sá.
A dirigente da FNAM diz que o Governo ignorou as propostas dos sindicatos e vai legislar de forma unilateral.
"Infelizmente, o Ministério da Saúde e o Governo vão legislar unilateralmente sem a concordância da FNAM em duas matérias tão importantes como a medicina geral familiar, no que respeita às unidades de saúde familiar, e a dedicação plena. A FNAM ao longo destes 16 meses fez o seu trabalho, apresentou oito propostas e contrapropostas que não foram tidas nem achadas, nem incorporadas, nesta legislação que o Governo unilateralmente legislar", afirma Joana Bordalo e Sá.
No final da reunião, Jorge Roque Cunha, do Sindicato Independente dos médicos (SIM), disse aos jornalistas que as greves são para manter, nomeadamente a 13 e 14 de setembro, na área da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.
"Esperamos que com os nossos protestos, com os protestos dos nossos colegas da FNAM e com a evidência desta dificuldade isto se possa modificar", declarou Roque da Cunha.
“Sentimos que há uma incapacidade de convencer, quer o Sr. primeiro-ministro, quer o ministro das Finanças, que sãos os principais responsáveis numa maioria absoluta que o povo outorgou e que, no seu programa de Governo tinha o Sistema Nacional de Saúde como a «joia da coroa»”, sublinha o presidente do SIM.
Roque da Cunha alerta para a degradação do Serviço Nacional de Saúde.
"Recordo que os diretores dos serviços de urgência das equipas dos hospitais de S. Francisco Xavier, Garcia da Horta, Fernando da Fonseca, Beatriz Ângelo mantêm a demissão. Todos os dias há dificuldades de efetivação dessas escalas de medicina interna, e, portanto, cada vez maiores são as listas de espera", sublinha.