Faltam neonatologistas no Hospital de Faro. A denúncia é da Ordem dos Médicos, que diz que a escassez destes clínicos impede que se realizem partos no Algarve, já a partir de setembro.
Em declarações à Renascença, Alexandre Valentim Lourenço, presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, diz que o serviço de neonatologia tem funcionado com um número limitado de especialistas.
A situação vai agravar-se já a partir de setembro, com menos dois destes neonatologistas que vão estar de baixa. Passa a ser impossível preencher as escalas noturnas, afirma Alexandre Valentim Lourenço.
Para o presidente da Conselho Regional do Sul da Ordem, o Algarve corre o risco de não poder fazer partos ou acompanhar recém-nascidos a partir do próximo mês.
“A informação que nós hoje temos é que as escalas de setembro não conseguem, mesmo com recurso a muitos bancos suplementares, preencher todos os dias com médicos na unidade de neonatologia. Se não há médicos na unidade de neonatologia, não pode haver lá recém-nascidos e não pode haver partos no hospital. O que acontece neste momento no Algarve é que, dos 12 médicos existentes, só seis é que estavam ao serviço e tomaram conhecimento que, para setembro, mais dois vão estar de baixa”, refere Alexandre Valentim Lourenço.
Nestas declarações à Renascença, Alexandre Valentim Lourenço diz que a Ordem está disponível para encontrar uma solução que evite este cenário limite.
Contactado pela Renascença, o Centro Hospitalar do Algarve garante que está a desenvolver todos os esforços para garantir o atendimento no serviço de neonatologia. Em comunicado, o Hospital de Faro diz querer evitar qualquer alarmismo social.
A notícia da falta de neonatologistas no Hospital de Faro é conhecida no dia em que mais de metade das vagas abertas para ginecologia e obstetrícia ficaram por preencher. Abriram 31 vagas e só foram preenchidas 14.
O presidente do Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos argumenta que o Governo abriu mais vagas do que o número de recém-licenciados nestas especialidades, além de que terá aberto vagas em hospitais que não têm estes serviços.
Um exemplo disto mesmo é o que se passa em Santiago do Cacém, diz Alexandre Valentim Lourenço.
“Abriram vagas distribuídas por todo o país, com particular incidência nas zonas mais carenciadas, que são vagas que, normalmente, são de muito difícil preenchimento. O Ministério abriu vagas a mais, para números que provavelmente não conseguiria criar condições e, agora, vai dizer que são os médicos que não querem ir. Em alguns locais nem existem serviços, sequer”, afirma o responsável.