A direcção da UNITA prefere "ver para crer" o anúncio da saída da vida política do Presidente José Eduardo dos Santos, mas o maior partido da oposição assume-se como pronto para a alternância em Angola.
O presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e chefe de Estado angolano há 36 anos, José Eduardo dos Santos, anunciou esta sexta-feira que deixa a vida política activa em 2018.
"Era de esperar que, depois de 40 anos, ele [Presidente angolano] tomasse esta decisão, de se retirar da direcção do país, mas também temos lembrado que não é a primeira vez que ele o faz. Já o fez no passado e por isso é preciso acompanhar essa questão de perto", disse à agência Lusa o porta-voz da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e deputado Alcides Sakala.
"Temos dito ao longo destes anos que a UNITA é a alternância credível neste país, mas é preciso ver para crer. Já o disse [anúncio de saída] no passado e continuou", concluiu o mesmo responsável garantindo que o partido do 'Galo Negro' vai acompanhar a situação "com toda a atenção".
José Eduardo dos Santos é Presidente de Angola desde Setembro de 1979, cargo que assumiu após a morte de Agostinho Neto, o primeiro Presidente angolano.
Na mensagem que dirigiu aos mais de 260 membros do comité central presentes na reunião, José Eduardo dos Santos criticou ainda a gestão danosa nas empresas públicas, apelando à mobilização dos melhores quadros para as funções de governação do país.
Luaty Beirão: "A gente já conhece este filme"
Luaty Beirão, um dos acusados em tribunal de actos preparatórios para uma rebelião em Angola, desvalorizou o anúncio da saída da vida política de José Eduardo dos Santos.
"Eu não me deixo entrar em momento de excitação ou de alegria porque já ouvi esse discurso em 2011 (...) Daqui a bocado está ele a voltar atrás com a sua palavra, alegando que o partido pede que não os abandone nesta altura tão complicada, porque é o único timoneiro capaz de levar o barco a bom porto. A gente já conhece este filme", afirmou à Lusa Luaty Beirão, que aguarda o desfecho do julgamento em prisão domiciliária, em Luanda.
"É incompreensível porque é que alguém anuncia que vai afastar-se da vida política em 2018 quando existem eleições previstas para 2017. Por que é que não diz logo que não vai ser o candidato para 2017?", apontou Luaty Beirão, que desde 2011 se assume como um dos rostos da contestação ao regime de Eduardo dos Santos.