Cerca de seis mil funcionários públicos manifestaram-se esta sexta-feira, em Lisboa, por melhores salários. O secretário-geral da CGTP diz que “valeu a pena”, porque o Governo aceitou voltar à mesa das negociações.
A manifestação partiu do Marquês de Pombal pelas 15h10 e chegou às 16h20 a São Bento, junto da residência oficial do primeiro ministro, António Costa, e, segundo as estimativas da polícia, estão entre seis a sete mil pessoas no protesto.
Em declarações à Renascença, Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, diz que continua “extremamente motivado, porque a luta vale a pena”.
“Às vezes, não se consegue resolver logo no imediato, mas a curto-médio prazo atingimos os nossos objetivos. A manifestação de hoje prova outra coisa: estamos a fazer uma greve e uma grande manifestação, em Lisboa, no preciso dia em que, esta manhã, o Governo, que já tinha encerrado as negociações com a Administração Pública, acabou por reconhecer que vai ter que as reabrir para promover uma atualização do salário que, anteriormente, dizia que não podia fazer. Já valeu a pena, mas não chega. É preciso conhecer o valor”, afirma Arménio Carlos.
Os funcionários públicos exigem um aumento de 90 euros já a partir de janeiro deste ano, mas o Governo, inicialmente, não foi além de 0,3%.
Durante o protesto nacional desta sexta-feira, em Lisboa, os manifestantes gritaram frases de ordem como "Agora que há excedente, que venha para a gente" e "Para a banca e capital há milhões, para os trabalhadores há tostões", que se fizeram acompanhar por assobios, quando o protesto passou junto à sede do Partido Socialista, no Largo do Rato.
Esta é a primeira greve nacional da função pública desde que o atual Governo liderado por António Costa tomou posse, em outubro, e acontece a menos de uma semana da votação final global da proposta de Orçamento do Estado para 2020 (OE2020), marcada para 6 de fevereiro.
O Governo apresentou uma proposta de aumentos salariais de 0,3% para a função pública e chegou a dar a negociação por encerrada, mas a responsável pela pasta, a ministra Alexandra Leitão, voltou entretanto a convocar as organizações sindicais para reabrir o processo negocial, uma reunião que está marcada para 10 de fevereiro, após a votação do OE 2020.
A decisão não foi suficiente para travar a paralisação, com a ministra a declarar que "nunca foi propósito da marcação desta negociação com os sindicatos levá-los a desmarcar a greve" que, afirma, "é um direito integralmente respeitado".
A anterior greve nacional da função pública que juntou as federações sindicais do setor da CGTP e da UGT realizou-se no último ano da anterior legislatura do governo de António Costa, em 15 de fevereiro de 2019, contra a política salarial do executivo, e teve uma adesão superior a 80%, segundo os sindicatos.
Em 2019 não houve atualização salarial geral, mas o Governo decidiu elevar a remuneração mínima do Estado de 600 euros (equivalente ao valor do salário mínimo nacional naquele ano) para 635,07 euros.