A Iniciativa Liberal (IL) acusou, esta quarta-feira, o Governo de ter causado a "implosão generalizada dos serviços públicos que são prestados à população" e a "falência dos serviços do Estado", destacando vários problemas na gestão do SNS.
Em declarações aos jornalistas após uma reunião com a administração do Hospital Amadora-Sintra, em Lisboa, o presidente da IL, Rui Rocha defendeu que "no século XXI, em Portugal, um país que deve ser civilizado" não se pode ter "a falência dos serviços de Estado", alertando para falhas na prestação dos serviços públicos.
"O que é grave é que podemos estar a falar aqui à porta de um hospital, podemos estar a falar à porta de uma repartição de finanças, podemos estar a falar à porta de um tribunal, podemos estar numa paragem de um transporte público, podemos estar se calhar à porta da sede da TAP e o que vemos é a implosão generalizada dos serviços públicos que são prestados à população", criticou o deputado.
Rui Rocha afirmou que o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, apesar de ser "uma pessoa simpática", não tem conseguido inverter o estado da saúde em Portugal.
"Nós temos um ministro que é o ministro Pizarro, que é uma pessoa simpática, mas cada vez que faz uma visita destas diz "ah, não pode ser, temos doentes a mais". Pois não, não pode ser, mas quer dizer, ele é ministro, não pode ficar pelo 'não pode ser' ", defendeu.
O líder da IL reiterou que o "CEO do Serviço Nacional de Saúde já começou funções há uns meses" e que não é possível "continuar com a saúde dos portugueses a ser prejudicada".
Rui Rocha deu como exemplo o caso de mulheres grávidas que chegam ao hospital já em condições de saúde "muito deterioradas, perto de parto, porque não tiveram acompanhamento ao longo de toda a gravidez", caracterizando a situação como inadmissível.
Na mesma declaração à imprensa, o líder da Iniciativa Liberal destacou a "muita dificuldade e rigidez de gestão" dos hospitais do país apontando a questão como motivo que dificulta a tomada de "decisões de gestão, de contratação, de investimento".
Lembrou, também, a "grande dificuldade em recrutar e atrair profissionais de saúde" para o SNS e apontou a falta de médicos de família e a "ausência de cuidados primários em sentido geral" como principais problemas estruturais do SNS.
"Obviamente se as pessoas não têm médico de família e não são devidamente acompanhadas, depois chegam e muitas vezes a única porta que encontram aberta para ter cuidados de saúde é da urgência do hospital. Isso coloca uma pressão muito grande sobre estas unidades. E depois um outro ponto que é a ausência de cuidados primários em sentido geral", acrescentou.
Rui Rocha destacou que na reunião com a administração do Hospital Amadora-Sintra foi informado que "praticamente metade dos episódios que aqui são tratados em termos de urgência não são verdadeiras urgências".
"São pessoas que podiam ser encaminhadas para outros serviços onde poderiam ter com cuidado de saúde adequado", concluiu.
O líder dos liberais disse que a IL "já apresentou duas propostas" para solucionar a questão do excesso de urgências não urgentes e a falta de médicos de família: a possibilidade de os utentes recorrerem a serviços privados "tendo o custo suportado pelo Estado" e o avanço das unidades de saúde familiar tipo C por terem "um perfil específico, em que há incentivos à produtividade, ao serviço prestado".
A visita ao Amadora-Sintra deu-se no seguimento da greve dos trabalhadores desta unidade hospitalar, com exceção do pessoal médico, anunciada pelo sindicato da Administração Pública marcada para o dia 18 de abril.