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Marcelo Rebelo de Sousa está preocupado com a situação gerada pelo caso Banif. Em entrevista à Renascença, o candidato presidencial diz que, neste momento, a solução encontrada era a única possível.
O antigo líder do PSD considera, no entanto, que “isto não pode repetir-se sistematicamente” e que é preciso actuar ao nível de prevenção nos sistema financeiro.
“Para que haja credibilidade e confiança no sistema financeiro, é preciso ter a certeza ou, pelo menos, uma fortíssima possibilidade de que as instituições funcionam em termos preventivos”, defende Marcelo Rebelo de Sousa.
O candidato às eleições presidenciais de 24 de Janeiro acrescenta: “Quando nada funciona é preciso perceber qual é o sistema para limitar isto”.
A resolução do Banif obrigou o Governo a apresentar um Orçamento Rectificativo, que vai ser votado esta quarta-feira na Assembleia da República. O PCP vai votar contra e o Bloco de Esquerda apresentou condições.
Numa altura em que ainda não se sabe se o documento vai ser aprovado, Marcelo Rebelo de Sousa diz que, se fosse Presidente da República, “faria tudo para que o Orçamento Rectificativo passasse”.
“Faria tudo. Achava que o meu papel de Presidente da República - eu não me posso substituir aos deputados nem devo, é uma competência do Parlamento. Mas o Presidente aí pode exercer o seu magistério, pode fazer pontes, pode fomentar diálogos. Isto é, eu faria tudo para, em termos de consenso de regime, criar condições para que um Orçamento, que é fundamental para resolver o problema do Banif, não fosse chumbado no momento em que estamos a viver.”
Marcelo Rebelo de Sousa criticou ainda, sem nomear, o actual Presidente da República, Cavaco Silva.
“Não teria feito publicamente comentários sobre antecedentes que, no momento que estamos a viver, no momento em que é vivida esta decisão, ou logo a seguir a ser tomada a decisão, não ajudam, desajudam”. Marcelo referia-se às declarações proferidas esta terça-feira por Cavaco Silva a propósito da decisão que o Governo tomou para resolver a situação do Banif.
Nesta entrevista à Renascença, o candidato presidencial considerou que novas crises políticas “podem impedir-nos de sair da crise”.
"Eu acho que nós quanto mais depressa sairmos da crise melhor. Porque se começamos a empatar muito tempo, sabemos lá como a Europa evolui ou não evolui, sabemos lá como outros países vizinho evoluem ou não evoluem e torna-se mais difícil essa saída. Para haver essa saída nas melhores condições possíveis, é preciso haver condições políticas. A política não se substitui à economia, mas condiciona a economia. Cada crise política tem um custo económico e financeiro apreciável."
Para Marcelo Rebelo de Sousa, "há coisas que se perderam e que é preciso recuperar. Não é apenas no domínio da coesão social e da concertação social, entre parceiros económicos e sociais. É no domínio dos consensos de regime. É importante construir os consensos de regime", conclui.