O vice-almirante Gouveia e Melo diz que não há alteração ao plano de vacinação.
Confrontado com o facto de ter sido decidido dar 90% das vacinas nesta fase a idosos acima de 80 anos e a pessoas acima dos 50 anos com doenças graves, o responsável pelo plano de vacinação é apenas uma medida de gestão do plano.
Em entrevista à Renascença, o militar diz que o objetivo principal é salvar vidas. “Neste momento, a grande prioridade em termos de gestão de plano é reforçar ao máximo o esforço em salvar vidas, em antecipar a vacinação dessas pessoas, em proteger essas pessoas, que são as pessoas mais fragilizadas da sociedade portuguesa. E nesse sentido foi decidido investir 90% nesta fase do esforço nesse grupo e 10% para ir mantendo resiliência e ir ganhando resiliência nos diversos serviços do Estado”, explica.
A vacinação dos bombeiros, contudo, não foi comprometida, diz Gouveia e Melo, que explica que até ao fim da próxima semana serão vacinados 15 mil bombeiros. "Há um ataque rápido para ganhar resiliência dentro do Estado, para além de cerca de 90% do sistema de saúde do Estado que está na linha da frente também já estar vacinado."
Gouveia e Melo explica ainda que os acamados vão ser vacinados em casa, mas que para isso é necessário que os seus familiares notifiquem os centros de saúde nesse sentido.
"Se os familiares dessas pessoas entrarem em contacto com os centros de saúde, identificando esses familiares e dizendo que estão acamados, esses familiares entrarão nos registos desses centros para que os centros façam a vacinação no local. O outro passo é que pedimos aos presidentes da câmara para identificarem, face ao conhecimento capilar que têm da sociedade, através das juntas de freguesia e de todo o circuito de proteção civil local que está concentrado na pessoa do Presidente de Câmara, que fizessem essa identificação e que nos ajudassem a conhecer esses casos para os podermos ir vacinar. Porque o grande problema organizativo é muitas vezes nós não conseguirmos saber se essas pessoas estão numa determinada situação e ter conhecimento disso.”
“Outro pedido é que as próprias ARS, os centros regionais que têm responsabilidade sobre a saúde pública e através deles aos centros mais locais e centros de saúde, contactassem com a GNR para conseguirmos alcançar essas pessoas que estão muito isoladas", afirma.
Entretanto o grupo de trabalho para a vacinação está a ultimar a adaptação da norma que vai permitir fazer uma vacinação massiva. Os locais serão definidos pelas autarquias.
"Acabámos de testar uma norma da DGS no sentido de normalizar, porque a DGS enquanto autoridade de saúde, tem que normalizar as condições que os espaços têm e uma vez identificadas essas condições, e com tempo, vamos passá-las aos presidentes de câmara para eles, dentro das suas capacidades, conseguirem identificar os espaços e nós nos prepararmos para um processo mais estendido no tempo em que haverá um maior número de vacinas e em que podemos passar para a fase da vacinação massiva."
Gouveia e Melo não rejeita ainda a possibilidade de se pedir às farmácias para administrarem as vacinas, mas que isso só será necessário numa fase mais adiantada.
"Depois da malha toda dos cuidados de saúde primária, depois dos postos de vacinação rápida que vão ser criados, se essa capacidade não for suficiente ainda para dar resposta às vacinas que vão chegar, não há aqui nenhum problema nem nenhum constrangimento em chamar outros atores a ajudarem no processo de vacinação. Um dos atores possíveis são as farmácias”, conclui.