O FBI revelou esta semana que houve uma descida no número de crimes de ódio a nível nacional nos EUA em 2021, mas que esta queda não representa a realidade, já que um grande número de agências locais não relatam este tipo de crimes.
A agência federal compilou relatórios de 7.262 casos criminais motivados por questões de raça, religião, orientação sexual ou outros fatores no ano passado, contra 8.263 em 2020 (o maior número em duas décadas).
Milhares de jurisdições não comunicaram dados criminais ao abrigo do Sistema Nacional de Informação Baseado em Incidentes (NIBRS), que entraram gradualmente em funcionamento desde 2016 -- numa tentativa de as agências federais conseguirem obter dados mais fidedignos sobre o número e a natureza dos crimes cometidos nos EUA.
Este ano, o FBI mudou para um sistema de comunicação exclusivamente centrado no NIBRS, e 11.883 de 18.812 agências de aplicação da lei apresentaram dados que foram incluídos no relatório de crimes de ódio hoje apresentado, disseram as autoridades.
Em comunicado, o FBI reconhece que houve uma queda no número de denúncias. "À medida que mais agências transitarem para a recolha de dados da NIBRS com o apoio contínuo do Departamento de Justiça, as estatísticas dos crimes de ódio nos próximos anos fornecerão uma imagem mais rica e completa dos crimes de ódio a nível nacional", disse a agência.
Os dados incompletos de 2021 são gritantes em vários dos maiores e mais diversos estados da nação. Na Flórida, onde foram reportados 109 crimes de ódio em 2020, só duas das 757 agências de segurança do estado carregaram informações na NIBRS para 2021, e foi reportado um único crime de ódio. O número de crimes de ódio na Califórnia caiu de 1.339 em 2020 para 73 em 2021, uma vez que só 15 das 740 agências policiais introduziram dados no sistema.
Em Nova Iorque caíram de 463 em 2020 para 62 em 2021, com a participação de 124 das 593 agências das diferentes jurisdições do estado.
Brian Levin, diretor do Centro para o Estudo do Ódio e Extremismo da Universidade Estatal da Califórnia, em San Bernardino, mantém a sua própria base de dados de crimes de ódio, extraída de estatísticas recolhidas em dezenas de estados e cidades.
Em declarações ao "Washington Post", Levin disse que os seus dados sobre 52 cidades (incluindo 35 das 50 mais populosas) mostram um aumento de 29% nos crimes de ódio em 2021, em comparação com o ano anterior. As 10 maiores cidades da nação registaram um aumento de 39%, disse Brian Levin, e registaram o maior número de crimes de ódio desde 1995.
"Este é o relatório mais incompleto que tivemos praticamente desde o início do programa", disse Levin sobre os dados do FBI. "Isto é um enorme fracasso."