Um caso de agressão sexual e humilhação pública de duas mulheres no estado de Manipur, na Índia, está a provocar uma onda de indignação no país.
O ataque às duas mulheres, de etnia Kuki, levou aos primeiros comentários públicos do primeiro-ministro Narendra Modi, ainda que indiretos, sobre os meses de violência étnica naquele estado indiano.
A agressão aconteceu a 4 de maio, mas só esta quinta-feira é que a notícia se espalhou. A internet na região havia sido desligada pelo governo indiano como forma de limitar o fluxo de informação sobre aos confrontos étnicos, no estado de Manipur, onde, há várias semanas, comunidades tribais de Meitei e Kuki estão em conflito pelo acesso aos benefícios do governo. Os confrontos entre membros das comunidades levaram à sua completa segregação.
O vídeo, que mostra duas mulheres a desfilar nuas e a serem agredidas em Manipur, tornou-se viral nesta quinta-feira, na Índia e chocou a nação. Aumentou ainda mais a tensão e colocou na ordem do dia o conflito racial que já provocou mais de 130 mortos e 35 mil deslocados.
As mulheres apresentaram queixa na polícia declarando que uma delas havia sido abusada sexualmente por um dos gangues em conflito. Em declarações à BBC, relatam que o grupo entrou na sua aldeia e começou a saquear e a queimar as casas.
O pai de uma das vítimas foi morto e as duas mulheres foram obrigadas a despir-se sob a mira de uma arma, antes de serem conduzidas nuas pelas ruas.
Em declarações ao jornal "The New York Times", Lian Mung, ativista que auxiliou as vítimas, relata o que as mulheres lhe disseram: “Elas estavam transtornadas e o que nos disseram foi: 'Fomos forçadas a despir-nos e desfilar nuas, senão eramos mortas'”.
A divulgação do vídeo levou o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, a fazer os primeiros comentários públicos sobre a situação no estado. “Este incidente de Manipur que veio à tona, para qualquer sociedade civilizada, é um incidente vergonhoso”, disse Modi nesta quinta-feira. Acrescentou ainda que foi um “insulto” que “deve envergonhar toda a nação”.
A polícia indiana diz ter aberto uma investigação de violação coletiva e prendeu um dos agressores, acrescentando que outros serão detidos em breve.