O Ministério da Saúde pediu à administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central e à Inspecção-Geral das Actividades em Saúde para apurarem eventuais responsabilidades do Hospital de São José na morte de um doente.
Numa curta nota enviada à agência Lusa, o Ministério da Saúde informa que solicitou a abertura imediata de um inquérito às duas entidades na sequência das notícias difundidas esta terça-feira na comunicação social, referentes a um jovem de 29 anos que faleceu no dia 14 de Dezembro no Hospital de São José, em Lisboa, por não haver um neurocirurgião para efectuar uma intervenção cirúrgica.
A decisão da tutela surge algumas horas depois dos presidentes da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), do Centro Hospitalar de Lisboa Central e do Centro Hospitalar Lisboa Norte se demitirem, na sequência desta morte, devido à falta de um neurocirurgião.
O jornal “Correio da Manhã” noticiou esta terça-feira que David Duarte, de 29 anos, foi transferido de urgência para o Hospital de São José, devido a uma hemorragia cerebral resultante de um aneurisma, com indicação para ser operado de imediato, o que não aconteceu porque aquela unidade hospitalar não tinha um neurocirurgião disponível.
O presidente da ARSLVT, Luís Cunha Ribeiro, afirmou, durante o anúncio da sua demissão que "foram tomadas medidas" para que situações análogas não voltem a acontecer.
"A partir de agora, foi autorizado que passe a haver resposta para situações deste género. Hoje, doentes em situações semelhantes não terão o mesmo destino do que ocorreu há uma semana", declarou.
"Enquanto presidente da ARS e com responsabilidade em todos os hospitais [da ARS de Lisboa e Vale do Tejo] acabei de apresentar a minha demissão ao ministro da Saúde", disse a seguir, na curta declaração, explicando que não responderia a perguntas dos jornalistas por o caso estar a ser alvo de um inquérito.
Os presidentes dos centros hospitalares Lisboa Central e Lisboa Norte, que também se demitiram e estavam presentes, não fizeram qualquer declaração.
Cunha Ribeiro lamentou que, "nos últimos anos", não tivesse havido recursos humanos de forma a impedir a morte de pessoas por falta de assistência.