O ministro das Finanças, João Leão, disse esta segunda-feira que, apesar da “imprevisibilidade” causada pela guerra na Ucrânia devido à invasão russa e aos efeitos na crise energética, a economia portuguesa irá registar um “crescimento bastante significativo” este ano.
“Neste momento, estamos trabalhar num cenário base, que é também ao nível europeu e em Portugal, que ainda assenta numa recuperação significativa [da economia] este ano”, garantiu João Leão.
Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas, à entrada para uma reunião dos ministros das Finanças da UE, o responsável pela tutela salientou que, “mesmo que a economia tivesse momentos mais difíceis este ano, em que não houvesse grande crescimento em cadeia, Portugal tem um impulso que vem da forte recuperação do final do ano passado e que permite, mesmo num cenário mais adverso, admitir um crescimento bastante significativo”.
Até porque “Portugal destaca-se a nível europeu como um dos países que espera que cresça mais em toda a Europa”, segundo as previsões da Comissão Europeia e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), acrescentou.
“Estamos a trabalhar num cenário que está mais em linha com o que está construído ao nível europeu, de que há uma revisão em baixa, mas que ainda dá uma perspetiva de forte crescimento este ano”, insistiu João Leão.
Ainda assim, o governante alertou para a “possibilidade de, se a situação na Ucrânia se agravar e se for um conflito que durar muito tempo e com repercussões sobretudo ao nível da parte energética e no fornecimento de gás, pode ter consequências mais graves ao nível da produção ao nível europeu”.
“E, nesse contexto, o cenário pode ser ainda mais adverso e, nesse contexto de cenário mais adverso, ainda se espera um crescimento este ano porque […] partimos de um nível pós-pandemia e, portanto, há muita margem de recuperação da economia”, afincou.
Segundo o ministro, a condicionar esta recuperação está, ainda assim, o “tipo de sanções que foram aplicadas e da forma como a Rússia retaliar com sanções”, nomeadamente na área energética.
Já questionado sobre a crise da energia, numa altura de aumentos significativos no preço dos combustíveis em Portugal, João Leão reconheceu que “o impacto tem sido bastante acentuado e há uma grande incerteza sobre a evolução nos próximos tempos”.
“O que é importante, neste contexto, é manter a capacidade de os países apoiarem as empresas e as famílias neste processo exigente e o Governo português tem estado a tomar um conjunto de medidas e ainda tem de implementar um [outro] conjunto de medidas importantes para ajudar neste processo”, concluiu, recordando ainda a “orientação estratégica de reduzir a dependência do gás russo”.
A Comissão Europeia propôs, na semana passada, a eliminação progressiva da dependência de combustíveis fósseis da Rússia antes de 2030, com aposta no GNL e nas energias renováveis, estimando reduzir, até final do ano, dois terços de importações de gás russo.
A comunicação surgiu numa altura de aceso confronto armado na Ucrânia provocado pela invasão russa, tensões geopolíticas essas que têm vindo a afetar o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.
A Rússia é também responsável por cerca de 25% das importações de petróleo e 45% das importações de carvão da UE.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, um ataque que foi condenado pela generalidade da comunidade internacional.