Espanha foi o primeiro país europeu a fazê-lo esta segunda-feira, mas Portugal seguiu a mesma linha diplomática no reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino. França, Reino Unido, Suécia e Dinamarca também o fizeram.
O Governo de Maduro já reagiu a esta tomada de posição de vários países europeus. Em comunicado, Maduro "rejeita vigorosamente a decisão adotada por alguns governos europeus" e garante que vai rever a relação bilateral com esses países.
Lisboa reconhece Juan Guaidó "como Presidente encarregado de convocar eleições livres e justas na Venezuela", posição que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, explica hoje numa declaração às 12h00, anunciou a tutela.
Vários países europeus, incluindo Portugal, Alemanha, França, Espanha e Reino Unido, deram até domingo a Maduro para convocar novas eleições presidenciais, caso contrário, reconheceriam o rival Juan Guaidó. Findo esse período, vários países reconheceram Guaidó como Presidente interino. A União Europeia decidiu ainda constituir um Grupo de Contacto internacional, reunindo países europeus e latino-americanos, mas sem representação das Nações Unidas.
O primeiro-ministro espanhol fez a declaração em Madrid. “O Governo de Espanha anuncia que reconhece oficialmente o presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela”, disse Pedro Sánchez numa declaração em direto a partir da sede do executivo.
O governante espanhol exigiu a realização de eleições “livre e democráticas, com garantias e sem exclusões”, para que os venezuelanos tenham “voz e voto, sem medo, sem ameaças” e para que a Venezuela seja dona “do seu próprio destino”. Pedro Sánchez sublinhou que o reconhecimento de Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela, tem um “horizonte claro”, que é a convocação de eleições “no mais curto prazo possível”.
“A partir de hoje, vamos continuar a dedicar o nosso esforço à tarefa de ajudar a alcançar a liberdade, a prosperidade e a concórdia de todos os venezuelanos”, acrescentou Sánchez.
No Reino Unido o anúncio foi feito ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Jeremy Hunt. "Nicolas Maduro não organizou eleições presidenciais no prazo de oito dias que nós fixámos. Por isso, o Reino Unido e os seus aliados reconhecem a partir de agora @jguaido como Presidente constitucional interino até que possam ser organizadas eleições credíveis", escreveu o chefe da diplomacia britânica numa mensagem no Twitter.
Também França reconheceu esta segunda-feira
Guaidó. “Os venezuelanos têm o direito de se exprimir livre e democraticamente.
A França reconhece Juan Guaidó como ‘presidente em exercício’ para abrir um
processo eleitoral”, escreve o Presidente Emmanuel Macron, na sua conta de Twitter.
O Governo sueco reconheceu Juan Guaidó e pediu ainda uma solução política e pacífica para a crise no país. "Nesta situação, apoiamos e consideramos Guaidó como o Presidente interino legítimo", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Margot Wallström, à televisão pública SVT.
A ministra assegurou que a Suécia "nunca" reconheceu as eleições presidenciais do ano passado, parcialmente boicotada pela oposição e na qual o Presidente Nicolás Maduro venceu, considerando Guaidó como "o único representante legítimo do povo venezuelano".
Outro país nórdico, a Dinamarca, já havia reconhecido no domingo o Presidente da Assembleia Nacional numa mensagem do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, o ultraliberal Anders Samuelsen, publicada na rede social Twitter. "Acabei de falar com Guaidó e expressei o total apoio da Dinamarca à luta pela democracia do povo venezuelano, uma boa conversa com um homem incrível e corajoso. Última chance para o corrupto regime de Maduro escolher o caminho da democracia”, escreveu Samuelsen.
Também a Holanda já reconheceu Guaidó como presidente interino. O ministro holandês dos Negócios Estrangeiros, Stef Blok, escreveu que "terminou o período de oito dias para que fossem convocadas eleições livres, democráticas e transparentes na Venezuela". "O reinado da Holanda reconhece @jguaido como Presidente interino da Venezuela. Queremos que a liberdade e a democracia regressem à Venezuela o mais cedo possível", acrescentou.
A Itália foi o único país da União Europeia que não declarou o seu apoio ao presidente da Assembleia Nacional venezuelana, o que tornou impossível a emissão de um comunicado conjunto para reconhecer a legitimidade de Guaidó.
Guaidó proclamou-se Presidente a 23 de janeiro, depois de considerar que Maduro usurpou o poder. Após a proclamação, Guaidó foi prontamente reconhecido pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A crise política na Venezuela, onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
[notícia atualizada às 15h28]